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...Passo e bailo no nada, no nada floresço....

terça-feira, 19 de março de 2019

Materno (Vanessa Ferreira)


Já imaginou se você pudesse dar à luz?
O como isso é assustador
Como é deslumbrante?

É sério,
Existe um peso em colocar uma vida no mundo
E não é só financeiro
É energético
É uma linha eterna com o desconhecido de um ser
Um elo com a eternidade além do fim.

Mesmo eclodindo toda matéria
A importância perpetuará marcada no tempo do que foi permitido ao humano.

Minha mãe foi meu universo
Me deu o dom da eternidade.
Nem que seja uma lembrança insistente de um tempo além da terra
Ou astros que milhões e milhões a frente serão engolidos pelo sol.

Mas acredito que a vida
A inexplicável vida
Que eu quero acreditar e me conforta crer
é dada por um ser
Me acalenta quando o projeto e o idealizo igual a mim
Em imagem e personalidade como um pai que nunca tive
Pois como meu pai tantos outros são
Marcados também por seus pais.

Então quando creio em um Deus que eu possa chamar de Pai
E me vejo filho de um Deus
Sinto meu ego e humanidade amaciado e feliz.
Isso é meio que algo divino no meu DNA.

Mas ao mesmo tempo não tenho o desprendimento de mãe
De dar um pouco do meu universo a alguém
Já que para mim o mesmo ainda é muito desconhecido
Estou como um satélite
Conhecendo minhas constelações
Nebulosas
Catalogando, entendendo cada uma.

Antes tinha medo de sair da terra
Agora nado na matéria escura de mim mesma
E não me assusto
Eu quero conhecer os limites do meu infinito
Para poder criar outros.







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