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...Passo e bailo no nada, no nada floresço....

quarta-feira, 27 de março de 2019

Limites (Vanessa Ferreira)



Costumava andar a contar estrelas
Temia as borboletas que vagavam
Fazia músicas com o cantar dos grilos
Voava num beijo doce
Me acendia no desejo.

Costurava remendos de vestes e relações
De machucão a esbarrão da vida fui acordando
Até endurecendo aos poucos.

Sim, eu mesma que chorava com filmes de amor
Idealizei e na dor me vi só,
Me perdi de fato dei a ti de novo as mãos
Agora encaliçadas e marcadas,
Novas mãos.

O corpo diferente de antes
Cabelos, olhos, dedos e coxas,
Agora tudo salta do espelho
Me vejo bela e desejosa
Desenho em mim o caminho do apogeu do ser
Tanto sozinha como acompanhada.

Ao me embelezar nasce a necessidade
De cuidar das unhas, cabelos, rosto e coração.

Antes do fim éramos um
Simbiose
No fim vi-me a mim como realmente estava,
Vi todos os remendos e palavras não ditas
Vi a cor por dentro
E quis mudar o astral.

E no novo começo dos nossos muitos términos
Vejo você e a mim como seres separados
Que se unem
Se fundem, mas se soltam.

Percebi que depende de mim a auto estima
Entendi que o parceiro está ao lado
Mas não muda quem sou lá dentro
Que não devo afogar que sou
Por seus caprichos.

Apaixonei-me por blusas de herói
A calça cumprida não assusta mais
O meu rosa é delicado, mas firme
Nas mãos, pés e boca.

Continuo a terapia de me ver, me cuidar
Me sentir das mais distintas formas
Tendo você como companheiro até onde der,
Ate quando quisermos.

Tens meu coração como companhia
Mas não permissivo a ponto de denegri-lo
Ou me entorpecer
E machucar-me outra vez
Pois estou com minhas mãos nele
Seguradas
Para que não abuses do teu espaço
Outra vez invadindo o meu.











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