Me sinto tão bem ao acordar aconchegante em meu adorável leito, espreguiçar o corpo, alongar os ossos, sentir o roçar do pijama na pele e se misturar, pois de tão macio desliza.
Poder levantar com vagarosidade renovada pelo amanhecer ainda em botão, o nublado ainda invade o quarto. As meias, minha calça e camiseta confortável se adere a minhas formas que à essa hora parece-me tão graciosas. Me sinto diva, remexo minhas madeixas, dedos por entre elas tornam-se desiguais, aleatórios e tão charmosos! Sinto-me deitada no oceano, fios de essência derramarem sobre
mim e a maresia artificial. Debruço-me na janela a abrindo, o vento me acaricia, (Vento travesso!) ainda frio causa-me um leve arrepio, sento em minha varanda, encontro folhas avulsas um lápis qualquer e dou vida; banho-me nesse mundo de palavras sussurrantes como o vento, que se esvaem como hálitos.
Poupe-me do desprazer; ser infeliz está fora de cogitação, sou feliz e sinto prazer de ouvir bossa nova, de inventar você, de parar o mundo num segundo e fazer o que eu quero, ouvir no fone mais um final feliz.
Desprender-me do mundo, agora desprovida de vestes, com sandálias desatadas, curto minha cachoeira particular um mergulho no mar das ideias. As ondas beijam-me já imersa em seu reino, e te faço, te formo de tinta do meu grafite, soarei um belo sopro e ai existirá, meu ser se mistura ao seu e é como se fôssemos. Cada linha escrita a punho meu, estou viva lá; soldados, cortesãs, pianistas e em todos esses seres a quem dou vida, pulso junto. Agraciá-lo-ei criando você e
sinta-me também em ti, e eu revigoro a mim em apenas um risco de minha pena.
Da escritora a seu novo personagem.