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...Passo e bailo no nada, no nada floresço....

quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Quase... (Vanessa Ferreira)


Num cortante silêncio ainda ouço sua voz,
Que se estende a cada ligação,
Em um breve tempo trocávamos nossas teorias
Nossas vidas num constante conhecer.
E por quê? Mesmo sabendo que não virias
Mesmo ouvindo tua voz nessa noite fria
Inda que me conforte as agonias
Eu sinto tão longe e a hora é tardia.
Singular, inovador, próprio, único...
Brigas de formas tão ternas e suaves
Instiga-me...
Vai conquistando espaços
Agudos e graves,
Lágrimas e sorrisos
E quase todo meu ser...
Quase...
Quase...
Por pouco, tão pouco inda falta completar
Inda falta ser meu par
Se já é a companhia noite e dia,
Não me convencestes a me convencer?
Mas inda não venceste.


sábado, 24 de setembro de 2011

Ave primitiva (Vanessa Ferreira)


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Queres me cortejar?
Então que me faça amar e querer,
Me convença que preciso
De um ombro amigo
E saiba me convencer.
Porém se são só galanteios
Caprichos do desejo
Seja claro,
Saibas que como uma dança
As pessoas se entregam umas as outras
Até a última nota.
De certo o assusto em minha sinceridade
Já que sinto apreço pela verdade,
Não sou uma flor igual às outras
Preso pelo que sou.
Então me digas
Se queres dividir comigo uma vida
Ou se o que sentias se findou.
Sou um pássaro livre
E não sou capturada
Sou o vento frio
O calor, o arrepio.
Por entre a cavalgada,
De nada servem as amarras
As fronteiras montadas.
Se sentes interesses de encantar
Um coração arredio
É preciso ter a sorte
De nos encontramos no mesmo norte
E de povoar meus pensamentos.



SUSPIROS NORTUNOS (Vanessa Ferreira)

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Amor... me deixe antes que o dia acorde
Antes que eu ache que não foi um sonho.
Leve de mim seus olhos que acompanham todo
o contorno,
Leve suas mãos que me apalpam
Leve as palavras e os suspiros
E a roupa que vestes não esqueças
Apenas leve.
Eu quero acordar e me espreguiçar numa semibreve
Te amar numa clave de sol,
Como se não fosse real
Em meio a leis estatais da fantasia
Antes que chegue o dia...parta!
Ame-me no breu da noite e vá embora.
Não quero acreditar na felicidade
Não quero te trazer à realidade
A minha insegurança...
Dance a dança dos meus sonhos
E ao abrir os olhos vou pensar que nada existiu.
Não posso deixar que entres,
Então só bata na porta...
Exista em mim,
Sobre mim
Enquanto a noite está,
Enquanto está frio.

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Partida (Vanessa Ferreira)

Eu não vou chorar
não vou ficar triste
vou superar...
Então adeus
uma boa tarde
e uma boa vida
Que ela seja cheia de luz.
Vou viver em meus livros,
e realmente agora
estou pronta para dizer adeus,
atravessar a porta
e seguir em frente.
Agora não dói tanto
a tristeza é superável,
eu posso vencer.
Eu já estou na metade do caminho
as lembranças se perdem
num silêncio de uma constante,
e não sinto mais a vontade de olhar para trás.

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segunda-feira, 12 de setembro de 2011

ATRÁS DAS NUVÉNS (Vanessa Ferreira)


Atrás dessa nuvem escura
Existe um céu azul
Esperando o inverno passar,
Inda que se demore a ir
O azul estará lá.
Quando o tempo está fechado
Olhamos para cima
E temos interesse
Em contemplar
Essa obra da natureza
Inverno são necessários
Por mais frios e úmidos que sejam
Eles completam as estações,
E dão o real significado ao verão.
Nuvens, cortinas frondosas
Coroam sua beleza
Ou encobre?
Também são belas
Como tudo na criação.

Pedido (Vanessa Ferreira)




Vou olhar as estrelas de perto esta noite,
Vou calçar o chão,
Desato as sandálias dos pés;
E as pregas que há em meu ser.
Despertar a essência
Banhar-me em meus sonhos,
Descansar numa pedra
E talvez passar os montes...
Viagem em alto mar,
Desfrutar dos ares... Dos ares.
Quero desprender-me desse chão,
Quero deixar aquilo que me prende aqui.
Dançar, dançar...
Tira-me daqui, me tira daqui...
Leva-me, leva-me...






incompletude (Vanessa Ferreira)


 
Se não houvesse tristeza
Como desejaria a alegria?
Como cultuaria a felicidade?
Palmas ao artista
Ao sorriso triste escondido
Atrás de um nariz de palhaço,
A solidão de uma multidão.
Verdades e mentiras
Misturam-se
Na aquarela da vida.
Todos querem ser felizes
Todos desejam um amor
Uma vida
Que vale a pena viver,
Mas por mais que a alcancemos
Estamos incompletos
Frios
Solitários
Por mais que amarmos
Ou sorrirmos
Sempre haverá algo que nos faltará
...Sempre

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sexta-feira, 9 de setembro de 2011

Talvez... (Vanessa Ferreira)




Minhas mãos buscam
Os cabelos de tua nuca
Tua verdade nua e crua
Adentrar-me em tua mente
E fazer morada
Naquilo que pensas...
Talvez se eu o apertasse
Se trouxesse tão junto a mim
Entrarias em teu ser,
E o faria esquecer de todo resto.
Quem sabe...
Se eu tivesse a coragem
Se minhas mãos o encontrassem
Veria-te de olhos fechados
Num beijo,
num sonho,
Num atrevido pensamento.



sábado, 3 de setembro de 2011

O ESPELHO (Vanessa Ferreira)


A nudez
Pernas finas,
Luzes no teto
Dedos que encontram o espelho,
Feche os olhos
Suspira
E veja tudo distorcido,
Um mergulho
Em si mesma
Refletindo em sua imagem
A fragilidade
A verdade
Que os anos teimam a mostrar,
Tão bela,
Não velha
Mais ainda estava lá
A jovem do batom
Vermelho cobre de cortina
O que não quer ver
No espelho se vai
E não volta mais.

De volta ao passado (Vanessa Ferreira)



                                                                        
Quero voltar a ser criança
E usar minha trancinha de lado,
Quero sentir aquela alegria
Ao comer um doce
E olhar tudo com olhos de esperança.
Quero de volta a alegria que não cansa
Viver como os passos da dança,
Cresci e cansei de ser adulto
A vida é mais sincera na infância,
Fecho os olhos e me lembro
De uma pequena garota                                                                                            
que canta e encanta
Que se divertia em aquarelas
E com as Emílias da vida
Como adorava sonhar!
E como os anos nos faz esquecer
A canção de ninar.
Vejo a paisagem da janela
Ela não mudou
Olho-me e me vejo presa
Nesse corpo crescido,
...eu mudei.
Ora, por quê?
Minhas tintas não mais me interessam.
Ainda sinto dentro de mim
Os acordes de uma valsa
E tudo parece tão surreal, tão pitoresco,
Quero que viva a menina que fui.
                                             

Palavra da escritora (Vanessa Ferreira)


   
           Já fazia um tempo que passava por aqui, então, hoje eu quis dividir com vocês meus versos, um pouco de poesia e tantas outras palavras... Quero parabenizar minha amiga Bárbara pelos seus textos em especial o mais recente é inspirador, e como uma palavra puxa a outra... Quero agradecer a todos que passarem por aqui , a todos os meus amigos que fazem parte de minha vida, aquele abraço!!!!!!!!!!!
          Para os curiosos, sempre me identifiquei com essa rosa, ela e as palavras... Sua imagem melancólica e de certa forma ainda em botão, leva-nos a pensar que ela há de desabrochar aos poucos. É incerto que sobreviva, comove seu estado imutável que soa instabilidade;  para mim esse momento soa como as esperanças que alimentamos de  um dia ela evoluir ou que ela continue eterna em seu estado, mas por fim concluo que é só uma bela foto.

Relógio (Vanessa Ferreira)



Eu fui embora, hesitei
Não quis pagar pra ver
E há essa hora já são seis
Eu volto outra vez,
A pensar, a pensar...
O momento já passou
Não dá pra voltar atrás
Pois na sexta hora
Você já foi embora
E não o tenho mais
Em meio ao bater do relógio
Volto a pensar, a pensar...
E esquecer o caminho de volta
Eu faço outro, em silêncio.
Só mais um pouco
Tem um bonde lá na frente
Que eu posso pegar,
Aí sim, meu dia vai terminar
A vida é feita de momentos
De vans pensamentos
Que voam, que voam...
Elevam-se, partem-se no meu cobertor
Mas agora são seis
Já fostes embora.




Primeiro encontro (Vanessa Ferreira)



Eu não sei o que aconteceu
Tão repentino foi o que se sucedeu,
Num instante suas mãos
Por entre os dedos meus
Outro instante são seus lábios
Próximos aos meus.
Procuro uma explicação
Não encontro em nenhuma enciclopédia.
Você me contou do seu antigo amor
E o mais recente
E ainda o que aprontou,
Eu falei tudo que era prá dizer
E ainda mais que um momento melancólico pode proporcionar.
Você me conhece um pouco mais
Isso dá medo
É nosso segredo
E de quem ler os rodapés.
Não sei a resposta
Se só foi um suspiro meu
Ou se foi apenas um momento seu
 Bem típico de primeiro encontro.
“Eu preciso ir”
 Essas palavras quase não saiam da minha boca
Encontrar-nos-emos em outro prólogo?



O DESTINO DAS AVES (Vanessa Ferreira)


   

Os pássaros voam acima de nós
Distantes nas alturas,
Movidos na corrente de ar
Pairam pelas nuvens
Em movimentos circulares
E você olha para minha boca
Enquanto olho para o céu;
Eu queria saber o destino dos abutres
E você...
Nunca saberei o que queria saber,
Voou com o destino das aves de rapina.


O Banho (Vanessa Ferreira)

                             foto de mulher gostosa tomando banho

Deitada numa banheira de leite sinto-me aveludar por entre os dedos e,eis que pego a taça de vinho puro forte e deliciosamente amargo; inclino meu braço para pegá-la, mas, o desleixe e comodidade me faz vira-la manchando o líquido branco.O ruge ao misturar-se torna-se rosado vindo com a frustração de não tê-la bebido. Meu colo estende sou levantada pelo vento, desço a nuca levantando meu queixo a apontar-se para a luz do teto, o cabelo escorre pelas curvas das costas, e sorrio nesse breve frescor.

Ventania (Vanessa Ferreira)




Antes de chegar o tempo da colheita
Não o encontrei em meu pomar,
Vi suas pegadas
Em direção a porteira
Indo ao encontro do infinito.
O vento que passa suave sobre meu corpo
Esse vento que toca sua face
É o que nos separa de um beijo;
E o leva de mim.
Eu o tenho
Como as frutas do meu pomar
E desejosa estou a saborear...
Mas, antes que a colheita se chegasse
Vi seus passos em direção ao luar,
O vi sendo levado pelo vento
Para outra estação;
Restam-me os frutos que colhi
E o vento que me apalpa...

A CRIAÇÃO (Vanessa Ferreira)

 man writing a contract 

              Me sinto tão bem ao acordar aconchegante em meu adorável leito, espreguiçar o corpo, alongar os ossos, sentir o roçar do pijama na pele e se misturar, pois de tão macio desliza.
                  Poder levantar com vagarosidade renovada pelo amanhecer ainda em botão, o nublado ainda invade o quarto. As meias, minha calça e camiseta confortável se adere a minhas formas que à essa hora parece-me tão graciosas. Me sinto diva, remexo minhas madeixas, dedos por entre elas tornam-se desiguais, aleatórios e tão charmosos! Sinto-me deitada no oceano, fios de essência derramarem sobre
mim e a maresia artificial. Debruço-me na janela a abrindo, o vento me acaricia, (Vento travesso!) ainda frio causa-me um leve arrepio, sento em minha varanda, encontro folhas avulsas um lápis qualquer e dou vida; banho-me nesse mundo de palavras sussurrantes como o vento, que se esvaem como hálitos. 
              Poupe-me do desprazer; ser infeliz está fora de cogitação, sou feliz e sinto prazer de ouvir bossa nova, de inventar você, de parar o mundo num segundo e fazer o que eu quero, ouvir no fone mais um final feliz. 
                 Desprender-me do mundo, agora desprovida de vestes, com sandálias desatadas, curto minha cachoeira particular um mergulho no mar das ideias. As ondas beijam-me já imersa em seu reino, e te faço, te formo de tinta do meu grafite, soarei um belo sopro e ai existirá, meu ser se mistura ao seu e é como se fôssemos. Cada linha escrita a punho meu, estou viva lá; soldados, cortesãs, pianistas e em todos esses seres a quem dou vida, pulso junto. Agraciá-lo-ei criando você e
sinta-me também em ti, e eu revigoro a mim em apenas um risco de minha pena.

                                       Da escritora a seu novo personagem.


O ÉDEN PERDIDO (Vanessa Ferreira)



            Em um silêncio agudo, nado nu em lençóis freáticos, a cada movimento percebo-me ainda pequeno, a proporção que o líquido que varre-me esvai cada vez mais, sinto pouco espaço e leve compressão; ambiente de extrema proteção. É como posso definir seu ventre; ainda que quando sem forma pensava, só existia em ti, pois estava ligado a você.
                Não definas como és, já que a cada toque seu em minha casa, reviro-me, “Como estais lá fora, se estais aqui em mim e eu em ti?”. Sonho eterno nesse santuário sem portas ou trancas, pois se adquiro sabedoria de saber sobre o existir sintetizo que existo.
                   Do início, sou o início de todos como você, aqui no seu ventre é tão simples a vida. Minhas mãos ganham carnes e tendões me sinto mais humano. O que é humano? Algo me faz mudar de posição, me sinto ainda tão bem que não quero, nem imagino deixar-te, perderias um pedaço teu?
                   É inevitável que a gravidade me chama, que sou forçado a esvaí-me para sempre. O escudo será aberto agora; a luz fere meus olhos, minhas narinas abrem-se algo estranho que não vejo se enche dentro de mim e eu me torno mais humano que pensei. Longe do meu lugar tudo é seco, sem nosso ligamento, a terra vira o caos para quem veio do paraíso; e cada vez mais acredito na existência de um Édem perdido.