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...Passo e bailo no nada, no nada floresço....

segunda-feira, 19 de março de 2012

Enquanto era noite (Vanessa Ferreira)




Aqui é bom de ver estrelas
de ouvir "Engenheiros"
de recitar poemas de "Pessoa"
de falar de nossos medos
e cantar "Primeiros Erros"


Não tenha medo meu bem do amanhã
é bom envelhecer; agora sorria
Escute minha batida
já que me tem tão perto,
suave é, aprecie...
Então, não pare de cantar
Enquanto toco seus lábios com os meus
ainda não solte minha mão.


A noite estende e já já são dez
as horas ecoam
e o relógio nos rouba o tempo
nada adia o adeus.
E foi algo que passou
uma lembrança que acabou
tão derrepente
inconstante e imprevisível utopia
solúvel num beijo.


domingo, 18 de março de 2012

Um espaço só nosso (Vanessa Ferreira)


Por mais que seja saudosismo
Não me arrependo
Eu me lembro
Eu relembro.
Vivo naqueles dias
Onde o céu foi realmente azul,
Onde não havia mais nada
Só poeira na estrada
E vento fresco a nos envolver.
Por mais que o tempo passe
E se um dia ele pare
Olhe para linha que o define
Eu e você estaremos lá
Em algum lugar, em um momento
Um encontro casual dessa força incompreensível
Somado a um breve pensamento do tempo
Nosso instante foi eterno.


Tentando (Vanessa Ferreira)





Toda vez que exponho a minha dor

Ela diminui a me afligir

Não que deixe de existir

Pois ela inda estar ali.

O vento vai levando

De poucochinho a poucochinho

A lembrança infeliz

Das coisas que tive

Do que devia ter feito

E do que nunca fiz.

A cada dia que passa

Vou esquecendo

Recordações vão se perdendo

Frases, palavras, encontros, suspiros

Sonhos perdidos

Realidades que fiz com minhas mãos.

Com o tempo

A mágoa diminui

O espaço é ocupado,

E eu vivo

Um dia após o outro

De sensação a sensação,

Enchendo-me do frescor

Do orvalho do vento que perpassa.

Vivo simplesmente

Respiro profundamente

Como e durmo

Trabalho e folgo

E então descanso

Olho as horas...

Tentando não lembrar

Derrotando aos poucos

A força que teima a me vencer,

Vivo meus dias

E tento esquecer.

Do que me vale à vida

Se eu não viver?

Eu vou tentando esquecer você.




terça-feira, 13 de março de 2012

Minha verdadeira forma (Vanessa Ferreira)



Sou um poema ambulante
Que muda do pôr- do -sol,
Quando amanhece
E no momento que sente
Os estalos da razão.
Em meio a um mundo cego
Vive um poema de amor,
Em meio a ideais
Nasce a contestação.
Os relutantes que passam por mim
Deixam à utopia
Tornando-se seres
Inanimados.
Onde há letras, haverão versos
E entre os demais estarei
Junto a minha poesia
E sua incompletude...
Os versos terminam dentro

                                      De mim.


sexta-feira, 9 de março de 2012

O INEVITÁVEL (Vanessa Ferreira)



 

Disfarço a falta daquilo que amava na arte
Mas até a arte trai meus olhos
E as palavras distorcem
Mantendo o caminho que me ligava de volta.

O regresso se faz ao natural
Ainda tentando preencher as estruturas
Todas as lacunas
E quebrar as pontes restantes
Do cinza fria ao azul celeste.
Encoberta pela visão embaçada
Só vejo nuvens
Nuvens mutáveis a cada piscar meu
Como o amor jurado um dia
Desenhando contornos do céu.
E o rio começa a jorrar
E novamente estrelas se saúdam
E todo ciclo se repete
Então fecho os olhos
Esquecendo a bagagem...
Então, finalmente me deixo aliviar.





DESCANSO (Vanessa Ferreira)


Um breve instante
Um beijo
E naquele momento
É só o que interessa,
Suas mãos nas minhas
E a visão da cidade...
Ainda é deserto no meu interior
Mesmo tento achado um Oasis,
Ainda há sequidão na marisia,
E há paz.
Busco em sua íris
Por um breve momento
De frescor,
Sou feliz...
Adio a viagem
Me deixo repousar.

A prece "Inspirado em Adele" (VANESSSA FERREIRA)


Tenho andado dormindo
Imersa num único pesadelo
Você ter me deixado.
Nesse novo mundo eu não me encontro
Só vago...
Um beijo seu me trará a vida novamente
Me beije, me acorde!

Peregrino desconfortável
Como uma peça de xadrez numa mesa de bilhar
Arrematada e esquecida.
Tudo aqui é tão solitário
Em meio a outdoors  e praça pública
Me sinto só...
Um beijo seu me trará a vida novamente
Me beije, me acorde!

Hora está tudo escuro e hora está claro
Ilusões de borboletas negras tentam me invadir
Eu fecho os olhos e tudo some
Lá fora há pessoas que sobrevivem gélidas
E eu só quero acordar do meu pesadelo...
Um beijo seu me trará a vida novamente
Me beije, me acorde!







quarta-feira, 7 de março de 2012

Obra viva (Vanessa Ferreira)


O verso que está em mim
Vive inquieto
Louco pra sair.
Acha-se pronto
Diz ter um ponto,
Eu o questiono e digo
Não achar pra ele um fim.
E hora travesso
Inda o esqueço
Num canto perdido em mim.
Ele reclama,
Me chama
Questiona-me,
Pedindo uma chance
Para ser o que é
Para em letras se tornar,
E livre pairar
por entre mentes sonhadoras que o lê,
Talvez parecidas com a minha.
De tanta danação
Suplica e aperreio o liberto
Ele vence...
E então por fim deseja
Retornar de onde veio
Dos confins
Das profundidades do “eu” em mim.




Apenas eu no espelho (Vanessa Ferreira)


Cuspo no chão as palavras
Que não podiam ser ditas
E emudeço o que eu quero dizer,
Faço-me seca e grossa
Não as pessoas
Mas ao meu íntimo.
Eu rasgo as telas
Telas que um dia foram minhas
Que um dia admirei,
E espero o calor num tempo frio.
Insiro-me no mar do esquecimento
E lembro-me do que deveria esquecer.


terça-feira, 6 de março de 2012

SEM AS LENTES (VANESSA FERREIRA)


Enxergo o mundo de outra forma

Na biformidade,

Na triformidade,

Ele é múltiplo;

A realidade se divide em pedaços

Não é uma única ideia

Não é só um globo

Um só domínio,

São inúmeros.

Os aparatos do senso comum

Me foram tirados,

Agora posso ver com clareza

O que a neblina me embaçou,

Posso olhar para dentro

E entender o que há lá fora.

Entretanto no fim

Somos todos presos

Presos a ideias que não são nossas

Mas acabam se tornando.

Nosso gênio mesmo com a vista sã

São no fundo

Domesticáveis,

Sua essência indomável

Mais tarde se perde

Ao longo do sedentarismo,

E ao saber disso

Sinto falta de minha ignorância.