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...Passo e bailo no nada, no nada floresço....

segunda-feira, 28 de maio de 2012

Surto (Vanessa Ferreira)


Foi num instante de loucura

Que te fiz em um dos sons

E me dueu  profundamente

Seus dedos a explorar minha canção.

Foi num instante de loucura

Que feri a lógica

E me rasguei ao meio

Só para discar

Para te ouvir cantar

E entregar-me ao desespero.

Num breve instante de loucura

Esqueci o que me fez

E violentei o tempo

Vi-me ligando outra vez.

Por favor não me procure

Foi apenas um erro meu

Então, esqueça meu súbito desejo

Não mais serei seu.

 






Ventos de setembro (Vanessa Ferreira)


Adeus à tarde já vem a noite

Batam palmas para o dia que se foi

Um duelo que valia meu amor

Certas coisas não se falam a miúde

Tem perguntas que nunca acharão respostas.

Esqueci como era seu toque

Na palma da minha mão

E chorei.

Certas coisas me esquecerei

E eu não queria, eu não podia esquecer

De nada que tenha vivido.

Te fiz sagrado

Te guardei num pedacinho meu

E só queria crer que um dia

Acenderia de novo a luz

E a tarde doce viria a ser outra vez

Nem que fosse apenas mais um dia sem solidão.




Pólen (Vanessa Ferreira)



De uma vela num barco em alto mar
Numa rosa ao vento,
Pétala por pétala fui me desfazendo
Deixando-me
Tornando-me o fim
E não mais existindo
Deixo de ser um e torno-me nada
Uma palavra sem definição.
O nada escorre entre as paredes
Cobre a multidão
Leva-me tão longe
Deixa-me na estação
E no meu quarto tudo embaçado
Não me sobra muito
O resto de mim esvai-se ao vento.




domingo, 27 de maio de 2012

Horizonte (Vanessa Ferreira)




O brilho dos olhos ofusca-se a luz

E seu reflexo hora oscila nas ondas

 de uma melancolia finita que  demora a passar

enquanto isso

os pássaros migram para o sul

e o Condor  tenta buscar o começo do seu próprio “eu”.



Febre (Vanessa Ferreira)



Vivia bem

na caixinha de suposta felicidade

Então, vendeu-me sonhos

Em troca de um capricho

Piamente seu.

Alimentando-se de prazer repentino

De conquistas inesperadas

Dos meus beijos mais doces

E do despertar das flores

No sumiço das ondas frias

E repentinos arrepios de solidão.

Espalham-se pela pele o que não foi

O que não viria a ser.








sexta-feira, 25 de maio de 2012

Querido príncipe... (Cynthia Lins)





Querido príncipe...
Por que prometes segurar minha mão e não mais
Soltar se sabes que não vás cumprir?
Querido príncipe...
Hoje fui dormir sem teus carinhos,
Porque não apareceste?
Resposta da flor para seu príncipe
Querido príncipe...
Penso em ti todas as noites,
Te digo que não desistirei de brotar...
Foi na dor da tua artida que
Senti uma vontade enorme de
Embelezar o mundo com todo o
Perfume e toda beleza
Que posso oferecer.
Querido príncipe...
Até hoje tenho medo do escuro
Por que sinto que foi nele que perdi você.
Querido príncipe...
Nunca senti medo da vida, o
Meu medo era te perder... E perdi!
Querido príncipe...
Por que tu pensas que vou acreditar em
Suas promessas se por tantas e tantas
Vezes esqueceste o que de mais
Precioso te dei... Meu amor!



sexta-feira, 18 de maio de 2012

SEGREDOS DA ÍRIS (Vanessa Ferreira)


Seus olhos são tão inspiradores

Expressivos

Vivos.

É tão simples  

Que não entendo

Por que tanta fascinação

De minha parte.

Não há nada mais humano

Real,

Concreto.

Me diz o que há em seus olhos?

Por que me arrebatam

Trazem-me paz e tormento

E todas as emoções misturadas?

Como eles têm tanto poder

Sobre o que escrevo

O que sinto

Penso?

Como deixei que ocupasse

Tão grande espaço em mim?

Entrego-me

todas as vezes que o vejo

E isso a seus olhos é segredo

Mas aos meus versos não.








quinta-feira, 17 de maio de 2012

Melodia Inacabada (Vanessa Ferreira)


Queria te ligar agora

Queria te falar nessa hora

O sol se foi  e o que nos resta

É a vaga sombra de nós dois.

Minha diagese distante

Longe do teu ser errante

Nos teus olhos verossimilhança,

Ser literário que pensou.

Como sonha com teus olhos

E te cria tão ausente, agora.

Quero poder ir lá fora

Ver mundos dimensões ao lado

Unidos em terno abraço

E o sem fim tão perto olho,

E ferir o tempo com uma fenda no espaço,

Me faz poder tocar seus lábios,

Além de um rosto em pó de arroz.

Em cada aurora eu sei você vai está, vai está.

Tão simples poeira do cosmo,

São tão complexos os quantum

Não é plausível o que quero,

Se o infinito é tão distante;

E onde se gerou o tempo

Se universo se expande,

Do que adiantou o homem

Querer ser mais que um ser pensante?







segunda-feira, 14 de maio de 2012

Visita (Vanessa Ferreira)



Fecha os olhos vou soprar

palavras de amor ao seu ouvido

E por onde passar meu “eu te amo” vai estar.

Feche os olhos  deixe-me cantar

uma canção dos Beatles.

Quem sabe exista mesmo o país das maravilhas?

Quem sabe temos um belo lugar nesse mundo?

Mas, ainda meros mortais

Peço que feche os olhos

Eu fecharei os meus para esse mundo

Vou estar ai com você.





domingo, 13 de maio de 2012

Desconforto (Vanessa Ferreira)




Acho que vai pensar em mim

Por muitos dias...

Mas não me importará

Cessou a sangria

Durante um tempo a ferida perpetuou.

Aos poucos corrompeu meus dias

E fez minar desejo

Até que mudei.

Por fim irás notar

Que nunca deves proferir sem certeza

“Eu amo”.

 Foram essas as palavras inverossímeis

Que arranquei

Causou-me distorções,

Até que tudo escoou

Exausta fiquei.

 Se pensares em mim

Irás ver o quanto se excedeu

Porém não  importará

Não terei mais a mesma forma

Trarei no peito um amor superado.

Então, o mínimo desagrado seu

Será pensar em mim.







Ponte (Vanessa Ferreira)




Cinco passos para trás

Riscando alinda de volta

ziguezagueando

Veria o que me fez arrepender.

Cinco passos rejuvenescerei

Cinco passos para trás

Regressão a felicidade

Tão rápido chegar lá

Tudo tão florido

Há cinco passos à trás.

Desenho meu caminho de volta

Jogo a capa

Solto o cabelo

Não sou como antes

A paisagem é a mesma

Porém vazia

Acabaram-se as auroras

E conto dez passos para frente.



















segunda-feira, 7 de maio de 2012

Verde (Vanessa Ferreira)


Eu canto entre a estrada

Cantarolando não sei o que

E não acho nada

Só atalhos até você

Mas, nada encontrei.

Nem de um lado nem de outro

Sul e norte são a mesma coisa

Caminho como o vento

Deixando espaços vagos

Passo e bailo no nada,

No nada floreço.




Última lembrança (Vanessa Ferreira)


Feliz os olhos teus sorriam

A alegria transbordava deles

Ao olhar meu rosto.

Seus lábios desejosos sorriam

Valsavam aos passos de um beijo

E a prévia do sorriso final.

O conforto que me dá teus traços

O formato de teu rosto,

Risco-o em linhas simétricas

Desenho com meus dedos o contorno

guardo tua imagem e também sorrio.






Distância (Vanessa Ferreira)


Por mais gélido que seja o ar

E fria minha mão

Meu corpo prevalece quente

O coração pulsa forte.

Às vezes o quero tão próximo a mim

Outras horas eu me convenço

Que a tua falta me mantém viva

Que é mais suportável não ver

                           Teu belo rosto]

Nem que a mão fria se esquente na sua,

E que outro corpo

guarde o teu bem longe de mim.







Sina (Vanessa Ferreira)


Tens esse poder de encantar e seduzir

E sua ironia tendenciosa

Causa nós dentro de mim

O domínio causado é surreal

Sinto-me preso como uma captura

Fisgado como um peixe.

Suas doses de sarcasmos

Alimenta-me tal prazer

De não querer deixá-lo

Mesmo que me faça mal.

A bebida adocicada e amarga

Que brota dos lábios teus

Vicia-me como droga

E o rubor do meu rosto

Fazendo-me sentir vivo e dependente.

E quando me encontro abstinente de ti

Tento não pensar no sabor

E na dimensão que ele me traz.

A excelência (Vanessa Ferreira)


Vivo buscando em outras rosas

A beleza sublime da rosa inicial

Cada traço, formato

Do perfume aos seguimentos do interior,

E não acuses esse poeta

De estar passando por uma fase floral dolorida.

Parei  em minha busca

Inda na primeira além da minha,

Nada é igual a que foi colhida

Não se igualam

A que um dia foi levada.

Essa se despediu e partiu

E fiquei sem mais nenhuma

Pois, nenhuma mais importa.

Não há em outras tal relevância,

Encanto e sedução

Como na primeira flor

Vivo da imagem dela em minha mente.

sábado, 5 de maio de 2012

Andando em círculo (Vanessa Ferreira)



E volto a esperar o seu pedido de perdão

E rasgo-me em versos doloridos

Mantendo aparentemente a alegria frenética da manhã,

e o gosto de café na boca.

quinta-feira, 3 de maio de 2012

Estação (Vanessa Ferreira)


Quero sentir o vento

Vou desprender os rachis

E não me importo com que queres ver

Solto os cabelos

Risco o quadro negro

E não me importo com o que queres ver.

Fujo dos meus medos

E jogo vinho no tapete

Escalo o monte

Pigarro e escarro no chão

E espero o trem passar...


Apego (Vanessa Ferreira)


Foi realmente o sonho lindo que tive

Desde outrora não quero despertar

Mesmo que não estejas lá.

Sei que isso dói e incomoda

Ou lateja mesmo sem a dor

Vou sentir o amargo feo

O gosto estranho do que azedou.

Porém, não entendo o porquê

daqui não saio mais

Tudo parou naquele dia

E com água fria o tempo me refaz.

Vivo como se estivesse em tempos atrás

Possa até que eu tenha medo

de seguir em paz,

de esquecer  o afável e a terrível dor.

Tenho medo que ela saia

E em seguida esvai-se o meu grande amor.

E por fim abandonado ficar

No jardim, na floresta, na relva

Ou entregue ao mar

Do vazio existencial

De um ser que busca outro.









Lírio (Vanessa Ferreira)


 



Queria tocá-la visão do céu
Ao menos posso vê-lo lírio
Valsando ao vento
Refletindo o brilho do sol
Ao menos posso estar perto de ti.
Desconfia de mãos de outro jardineiro
Em ti ainda amadurecem as pétalas
E tua seiva é fraca
Mas, a terra é boa.
Tens frio do vento da noite
E no nublado da manhã perturba-se
Então, a chuva rega-te
A chuva escorre sua melancolia,
Em teu vívido branco.
As gotas caem em ti
e fecha-se em botão outra vez.




A volta (Vanessa Ferreira)



Sei bela orquídea que te fui infiel

Que desleal não guardei nosso breve encontro

Que rasguei as pétalas uma a uma

e borrei teus sonhos

Enquanto banhar-me de suas lágrimas.

Sei docíssima, minha querida, eu sei.

Mereço tua repulsa

Teu ódio

Tua negação.

Vim porque os ventos mudam de direção

E para mim também mudaram-se  os rumos.

Posso contemplar além de tuas formas

Na profundeza de teu pigmento

No que diz ser essência

Na raiz de um pensamento.

Volto para ti orquídea se ainda me quiseres

Como as águas das chuvas que voltam ao mar

E o inevitável dia

Assim eu volto para ti.






O caminho de volta (Vanessa Ferreira)


Volto para casa nessa noite

Com um belo sonho no bolso

E um dos teus doces beijos na memória.

Sim, tive de ir

Na verdade já era tarde

E o tempo é tão injusto

Para quem o tem tão pouco.

Ter que ir embora

Quem acabou de chegar.

E no caminho de volta

Refaço tua imagem

Cada ação, cada palavra

Sovi tudo e guardei em meu relicário.

Tão tímido teu olhar

Brilhava igual aos luzentes

que nos olhavam do imenso céu

e como uma flor formosa

Inspira-me no caminho de volta.

E da falta que tenho

A cada centímetro que me afasto

Já sinto saudades suas,

Sei que inda posso ouvir tua voz

Ela ecoa dentro de mim

E me acompanha porta adentro.


Renúncia (Vanessa Ferreira)



Não quero escrever mais uma palavra,

Chega!

Adeus poema!

Adeus a tudo de belo literário!

Esse gosto mal na garganta

Estende-se a meu enjoo

Mal estar.

Em meio ao mundo seco e frio

Definam-se as rimas

E morre cada verso agonizando

                     Seu momento final]

Então, adeus poema!

Até que a poesia deixe de existir

E tudo passe a ser simplório

Em sua densa massa melancólica.






Na vista do outro (Vanessa Ferreira)



Línguas por toda parte

Palavras derramadas

em pinturas borradas.

E mais e mais saliva

E mais e mais palavras

Pedra e difamação,

Escondo-me nua a olhos alheios.

Fantasiam o insistente

Inventam e reescrevem

o que não conhecem.

E são línguas por toda a parte

Palavras derramadas

Em pinturas borradas

Desenham-me

e dão-me as formas que não tenho.


terça-feira, 1 de maio de 2012

Será? (Vanessa Ferreira)

Será que usas as palavras que eu conheci?

Que enche de música o fim do dia?

Que juras o amor tal qual me jurou?

Igual soa do rosto as mesmas expressões,

E tão inesperado torna real cada sonho?

Será que as canções são as mesmas?

E a ideia do que és não mudou,

Tão perfeito e inconstante aos olhos que cativou?

Será que soa dos teus hálitos o mesmo perfume

e conquista a tal como me fez?

E vendo-me tão louca lançada aos teus pés

                                           outra vez].

Será que rega-lhe  o amor que um dia me deu?

E dar de presente a outros braços a ti,

A ti que um dia juraste ser meu?


Teimosia (Vanessa Ferreira)


Suas mãos são do tamanho da minha
Sinto-me tão pequeno ao seu lado
Mesmo assim a protejo
Quando não há luz faço uma prece.
Moro na sua cabeça
Até quando me pede para que esqueça
E por mais que diga não
Direi um sonoro sim.
Já preparei um sonho para gente sonhar
E em outras músicas me vi pensando
Vou cantar mesmo fora do tom.
O que parece só ser racional
Enche-me do teu brilho surreal,
Chego à conclusão
Não serei solitário
no que denominamos romance.
E por mais que resista
Retruques, que impliques
Já estou lá, Como os livros
Na cabeceira de tua cama.