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...Passo e bailo no nada, no nada floresço....

sexta-feira, 28 de junho de 2019

Cílios (Vanessa Ferreira)


O luto dela cobre as unhas
as roupas
o batom vermelho
a saia de couro
o delineado gatinho
a sombra pigmentada negra.

Mas ela é ela além do luto.



quarta-feira, 26 de junho de 2019

Impasse (Vanessa Ferreira)

Eu o sufocaria com meus versos
De tanto falar de ti
E talvez o tema seria sempre uma história mal sucedida,
Bem familiar, não é?

Eu conheço as rimas e durante um tempo elas faziam parte de mim
Até que fui rebelde e me lancei ao outro lado da fronteira
E as rimas se foram
Restam-me as palavras; estou cheia delas esta manhã.

Te ofereço uma cadeira vazia na mesa e um pouco mais da minha TV
Um café literário e um pãozinho de sonetos, estão quentinhos, sei que adoras.
Quem sabe esta manhã não resolvemos nossas diferenças, Sr.Arcadismo?

Tua vida é um pastoreio sempre
Estou cheia de viver à custa de emoções se a solução e fugir
Fique um pouco mais na cidade, o campo pode esperar.

O MEU ENIGMA (Vanessa Ferreira)



Por mais estranho que pareça
Eu acalmei.
É eu sosseguei.
Eu precisava, ainda não estou pronta
Pronta para mim mesma.

Eu ando sempre com uma impressão
Que de fato
Dessa vez não seja eu quem deva agir,
E que com o tempo
Um dia descobriremos o que será.

Por enquanto...
Estou boiando no mar dos pensamentos.
Devemos esperar ou ser práticos?
Quais as palavras a usar?
A vestir?


O QUE FOSSES PARA MIM (Vanessa Ferreira)



Houve um tempo
Que te escrevi bilhetes
Eras minha maior inspiração,
Fiz-te poemas, contos, estórias, e ensaios.

Tinha tudo pronto
Tudo planejado
Sempre me contentei                           
com o pouco que me davas.

Cada frase que te escrevi
Eram fartas de sentimentos e timidez
Não sei se ainda as possui.
Eu fiz o que podia
E disse tudo que queria dizer
Não te devo nada
E não me arrependo
Tudo que queria fazer eu fiz.

E eu sei que amei sozinha
Amei por dois
Mas o que posso reclamar
Ninguém controla essas coisas.

Você foi um sonho
O amor mais belo e triste que tive
Foi o meu primeiro amor
E isso basta pra mim.

Durante um tempo isso me completou
E às vezes sinto um aperto no peito...           
Quando me lembro
Éramos perfeitos...
E por mais simples e singelos
Das poucas vezes que nos abraçamos
Que pude tocá-lo
Que beijasse meu rosto.

Era puro, inocente, suave, intenso
Tranquilo...
Não havia medo
Só a certeza que éramos eternos
Eternos enquanto fôssemos nós.

Nenhum de outros beijos que tive
Comparam-se ao seu acariciar no meu rosto
Nenhuma forma de prazer se igualou
Ao sol que seu sorriso
Fazia amanhecer em meu coração.

A vida continua meu bem
Meu nobre cavalheiro
Meu pianista...
Serás sempre eterno em meu coração.

AGONIA (Vanessa Ferreira)



Sangue!
Meu coração pede mais,
Eu o sinto agoniado
Como se estivesse quebrado,
Atrofiado,
Ou com um defeito qualquer.

Sangue!
Minhas mãos pedem mais
Pra se curar a distonia
Deixar de ser pálida e fria
E me sentir mulher.

Estendo as mãos
E ficam sós
Teu corpo arredio
Nega-me a livrar-me do frio
Questiono-me: O que quer? E emudece
Outra vez me esquece,
E nada, 
           
           nada mais.

Eu te fiz em verso e prosa
Em uma linha dolorosa
E o engulo de volta
Em tudo que escrevi,
Entalo-me e enguiu,
Não queria dar-te fim.

Choro em minha tortura
Ao ver tua face dura
De frente a mim;
Sinto-me nua aos teus olhos
E deformada,
Como se não pudesse amar
Ou ser amada.