sexta-feira, 25 de janeiro de 2013
“O óbito do poema” (Vanessa Ferreira)
A tinta da caneta me força,
Dedos apáticos me rendem
Rasgando-me
Triturando cada pedaço
Na infame lembrança
Triunfante devassidão
Obscura sintonia distancia.
A cor do anil
Retrocede as imagens televisivas lunáticas
Figuras gélidas sombreadas
Se vão no Mal do século transcendente
Como as cenas assistidas do terror
De filmes de sequencias ilógicas.
Pesada massa inexistente presente
Clima com trilhas sonoras embriagadoras
A biópsia do conto morto
Da escrita agora finda
Na história silencia.
Nascimento (Vanessa Ferreira)
Folhas voadoras
Palavras mutantes
Ideias oscilantes
Melando o branco A4,
Sujando mãos que se limpam
Em roupas claras se esfregam
E em paredes verde piscina.
A tinta não sai das mãos
Então, a espuma tenta removê-la
Porém, por mais tentar ficar limpo
Mas o azul saia
Manchando tudo que tocava.
Escorrendo das unhas
Saindo pelos poros
Na ponta da caneta
Pingando o chão
Até terminar um novo verso
Que queria se exteriorizar.
Desculpas (Vanessa Ferreira)
Resolvi escrever sobre ti
Não para esquecer ou me justificar
Era mais um passatempo
Eu minto, não era tão trivial.
Escrever é algo que sempre fiz
Bem antes de sua existência na minha curta narração
Queria apenas uma desculpa
A mas bela hipótese
E a história de amor mais intensa
Como uma gravura para ilustrar.
A cada oração bem elaborada
Pus o melhor de ti
Ou o resultado da utopia de meus olhos
Da ilusão apaixonada apelativa
Ainda natural e imperfeita
Para definir “verdadeira” era a palavra
Tão sincera que não maquea as linhas de expressões
E as “rebarbas” chamadas sobras
Além de todos os defeitos humanos.
Mas tudo isso não torna menos atraente
Torna-o mais real, acessível e magnífico.
O simples, o comum, o humor,
A simpatia, a lealdade e amorosidade
Vi tais amostras verdadeiras
Longe de qualquer visão lubridiada
E bem distante do entorpecer
Vejo com graça o que existe
Em total lucidez;
Sem nenhum contorno oculto
Inda cru e profundo diante de mim.
Imergindo (Vanessa Ferreira)
Deixa-me ver tua natureza
E teus pensamentos primitivos
Ir à tua lógica e fazer a volta em tuas emoções,
Ver o que te entrega
Abrir em teus olhos as portas
Para os caminhos onde habitas
Além do que posso ver e tocar.
Deixa-me adentrar nas tuas ideias
Fazer meu leito em tua casa
Dividir em ti minha morada
E na tua fonte de palavras em meio a muitas
Esteja meu nome junto a um suspiro mudo.
quinta-feira, 3 de janeiro de 2013
Floresta (Vanessa Ferreira)
Suspiro
prolongado juvenil
Unanime
pensamento de ingênua bravura
Amor
descompassado avassalador
Mito
endeusado idealizador
Incógnita
indecifrável ao pensamento
Atraente
frescor como do orvalho da manhã.
Então, tudo
perdeu o significado
E tornou-me
tão estranho a mim mesmo
E opõe-se o
conceito
E o que era
não era mais
E o que um
dia foi castelo se desfaz,
Torna-se tão
desconhecido
E
desconfortável a roupa que veste
O coração
que habitava
Não é mais
seu.
Nem
vestígios possuem real valor
Nem a
importância que tinhas
A imagem na
imaginação da relva e do jardim
No mover do
despertar do desejo,
Morrestes
como a última tulipa,
O último
girassol que ainda teimava a sobreviver
só no
inverno prolongado,
O último
suspiro de um poeta.
Como a
lembrança do encantamento perdido...
Tempo
eternizado
Aspirações
traduzidas
Roteiro
repetitivo
Ziguezagueando
a partida
Astros que
se apagam
Mistificando
a vida.
E viveu seco
e oco
Tornando-se
massa cinzenta
Porém, não
aceitou mais a inércia.
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