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...Passo e bailo no nada, no nada floresço....

segunda-feira, 7 de outubro de 2013

COMPANHIA (Vanessa Ferreira)




E tanto faz pra mim a areia nos pés ser tua

E as pegadas no chão por entre a cavalgada

Além das paisagens suspensas em longe montanha

E toda água vista num único oceano

O vento divide espaço em minha visão

Próximo aos coqueiros no topo de um mundo.

Vejo tudo o que posso ver

Entendo até onde posso entender

E o belo me aconchega

E o vento me acaricia

E o azul esverdeado do mar me acalma

Faço pare de algo lindo algo grande...

Sou parte de uma enorme criação.

Estás tu também a contemplar o belo

És também uma das criaturas como eu

Em imagem masculina.

 



sexta-feira, 6 de setembro de 2013

Borrão (Vanessa Ferreira)


Eras meu num sonho perdido

Imortalizado instante dorido

A natureza saldava a ânsia do momento

Certas flores levadas ao vento.

Como te cortas com o orvalho se ele te limpa a cada manhã?

E a nascente que secar

O vento que desnuda encobrir

E o que era para ir ficar

Abraças-te até dormir.

Um sopro leva as ideias

As páginas a entorpecer

A ferida já em cicatriz se fecha

E a tinta da pena te fará viver.





quarta-feira, 29 de maio de 2013

Desconhecido (Vanessa Ferreira)



Das inconstantes explosões de luz

E super novas no cosmos,

Talvez uma nova matéria que lhe tire do ócio,

Em quantos cataclismos

Deveras teorias...

Ora! De borrão és a solução? O acaso?

A mente sucumbe em espasmos

E não compreende a grandiosidade dos fatos

E a fascinação do mistério.


quinta-feira, 23 de maio de 2013

Rota final (Vanessa Ferreira)




Pergunto-me para onde vão as palavras?

Digo que estou em busca dos meus poemas

Palavras em rebentos represadas

que fogem por entre as brechas...

Pergunto-me para onde elas vão?

Sei que talvez não sejam eternas 

se de fato fomos medir a eternidade.

A nossa eternidade de humanidade

Da vida inconstante e única

Coisa que não se repete.

Então nessa hora, me pergunto qual o destino delas.

sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

Existência (Vanessa Ferreira)


A calma do momento

Silenciou minhas guerras

 A inquietude se aquieta

Em paz o sossego me invade

E me encontro contemplativa

Num silencio que cala meus pensamentos

Então, eu agradeço por existir.





“O óbito do poema” (Vanessa Ferreira)





A tinta da caneta me força,

Dedos apáticos me rendem

Rasgando-me

Triturando cada pedaço

Na infame lembrança

Triunfante devassidão

Obscura sintonia distancia.

A cor do anil

Retrocede as imagens televisivas lunáticas

Figuras gélidas sombreadas

Se vão no Mal do século transcendente

Como as cenas assistidas do terror

De filmes de sequencias ilógicas.

Pesada massa inexistente presente

Clima com trilhas sonoras embriagadoras

A biópsia do conto morto

Da escrita agora finda

Na história silencia.






Nascimento (Vanessa Ferreira)





Folhas voadoras

Palavras mutantes

Ideias oscilantes

Melando o branco A4,

Sujando mãos que se limpam

Em roupas claras se esfregam

E em paredes verde piscina.

A tinta não sai das mãos

Então, a espuma tenta removê-la

Porém, por mais tentar ficar limpo

Mas o azul saia

Manchando tudo que tocava.

Escorrendo das unhas

Saindo pelos poros

Na ponta da caneta

Pingando o chão

Até terminar um novo verso

Que queria se exteriorizar.





Desculpas (Vanessa Ferreira)




Resolvi escrever sobre ti
Não para esquecer ou me justificar
Era mais um passatempo
Eu minto, não era tão trivial.
Escrever é algo que sempre fiz
Bem antes de sua existência na minha curta narração
Queria apenas uma desculpa
A mas bela hipótese
E a história de amor mais intensa
Como uma gravura para ilustrar.
A cada oração bem elaborada
Pus o melhor de ti
Ou o resultado da utopia de meus olhos
Da ilusão apaixonada apelativa
Ainda natural e imperfeita
Para definir “verdadeira” era a palavra
Tão sincera que não maquea as linhas de expressões
E as “rebarbas” chamadas sobras
Além de todos os defeitos humanos.
Mas tudo isso não torna menos atraente
Torna-o mais real, acessível e magnífico.
O simples, o comum, o humor,
A simpatia, a lealdade e amorosidade
Vi tais amostras verdadeiras
Longe de qualquer visão lubridiada
E bem distante do entorpecer
Vejo com graça o que existe
Em total lucidez;
Sem nenhum contorno oculto
Inda cru e profundo diante de mim.





Imergindo (Vanessa Ferreira)



Deixa-me ver tua natureza

E teus pensamentos primitivos

Ir à tua lógica e fazer a volta em tuas emoções,

Ver o que te entrega

Abrir em teus olhos as portas

Para os caminhos onde habitas

Além do que posso ver e tocar.

Deixa-me adentrar nas tuas ideias

Fazer meu leito em tua casa

Dividir em ti minha morada

E na tua fonte de palavras em meio a muitas

Esteja meu nome junto a um suspiro mudo. 


quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

Floresta (Vanessa Ferreira)






Suspiro prolongado juvenil
Unanime pensamento de ingênua bravura
Amor descompassado avassalador
Mito endeusado idealizador
Incógnita indecifrável ao pensamento
Atraente frescor como do orvalho da manhã.
Então, tudo perdeu o significado
E tornou-me tão estranho a mim mesmo
E opõe-se o conceito
E o que era não era mais
E o que um dia foi castelo se desfaz,
Torna-se tão desconhecido
E desconfortável a roupa que veste
O coração que habitava
Não é mais seu.
Nem vestígios possuem real valor
Nem a importância que tinhas
A imagem na imaginação da relva e do jardim
No mover do despertar do desejo,
Morrestes como a última tulipa,
O último girassol que ainda teimava a sobreviver
só no inverno prolongado,
O último suspiro de um poeta.
Como a lembrança do encantamento perdido...
Tempo eternizado
Aspirações traduzidas
Roteiro repetitivo
Ziguezagueando a partida
Astros que se apagam
Mistificando a vida. 
E viveu seco e oco
Tornando-se massa cinzenta
Porém, não aceitou mais a inércia.