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...Passo e bailo no nada, no nada floresço....

sábado, 10 de novembro de 2012

EMBALAGEM (Vanessa Ferreira)


"Em cada coração há uma casa
um santuário seguro e forte
para curar os amantes das feridas do passado
até um novo amor aparecer."
Renato Russo - Legião Urbana


Tantas voltas fiz em mim

Vaguei solitária por entre o que foi minha história,

E por diversas vezes

Sou forasteira de mim mesma.

Quando penso além das crises de identidade...

Sou o que deveria ser,

Isso basta de vez em quando.

Encontrei algo que não queria

E de nada servia,

Do que são feitas as lembranças?

Somos mais do que isso que vemos...

Sou mais que esse cabelo misto

Somos mais que carnes macias

Que guardam nossos ossos e os pensamentos.

E ao encarar a nudez

Se vê que somos mais do que aquilo que é externo,

Temos uma vida

Uma alma embaixo dessa capa

É a certeza que temos,

E ninguém sabe o quanto dura,

Não há mais nada,

Só viver,

Viver!




quinta-feira, 8 de novembro de 2012

Telegrama (Vanessa Ferreira)


Não mais olhei para o céu

Nem analisei a existência das estrelas anãs

e as de quinta grandeza...

O tempo me roubou o tempo

Os amigos...

A responsabilidade me fez intolerante

E cada vez mais frágil

Tão forte como uma pedra

Tão forte como a fraqueza que me dá.

A tristeza de não terminar os contos que comecei

Unem-se e a alegria de amadurecer

Por enquanto só sou falta e saudade

Perdoe-me se puder.



Penso... (Vanessa Ferreira)







Não é só o sorriso espalhado
Nem tão pouca fascinação
O seu rosto em mim ancorado
Em mais um sonho de verão.
Nem o sabor adocicado do doce que comi
Sua imagem se pôs em auroras
Certas luzes de manhã
Enquanto filosofava
Saboreando um croassã.
Tive uvas, peras e mangas
Tive uma xícara de café
E a lembrança dorida
Um algo que não sei o que é.
E depois da ceia matinal
Olho para o mar de carros
E árvores de arranha céus
Penso no vestido dourado
Da vitrine ao lado.
Penso na ambição conquistada
No diploma e em minha casa
Penso em cada verso que eu fiz
Cada amor que eu quis
E meus belos olhos de inocência.
Indiferença
Preconceito
Despeito
No meu orgulho penso
Em meu coração duro.
E o que me resta afinal?
Meus cabelos brancos agora coloridos
Num tom loiro acinzentado
e onde faz morada meu pensamento...
no meu pequeno gato,
Em minha taça de vinho de todas as noites
E em você.

quarta-feira, 7 de novembro de 2012

Marisia (Vanessa Ferreira)



A poeira na praia

O vento frio nas costas

De mãos dadas

 minhas mãos em  minhas mãos

olhando para o mar.

Um poema é o pôr do sol

e o vento esvoaçando meus cabelos.

O vento perpassa sobre meu corpo,

Na relva os coqueirais e a solidão.

Em minha melancolia

Seus lábios lembram-me minha existência

Faz-me sentir atônico e tão calmo

Seus olhos nos meus

Faz-me sentir que estou vivo.

Finco meus pés no chão

E areia acaricia-me

Seu largo sorriso

Me trás a inocência perdida

Dos dias da minha infância,

E as horas passam como as músicas do rádio.




quarta-feira, 31 de outubro de 2012

Nó na garganta (Vanessa Ferreira)



Envolvida em saudade

Saudade já desacostumada

De maneira superada

Ainda a revirar-me.

Contraria-me a lógica

De fato todos os absurdos

Confundiram e sumiram;

E as cinzas já lançadas ao mar

Faz-me tempestade de poeira.




sexta-feira, 26 de outubro de 2012

Tendências (Vanessa Ferreira)




Um céu sem estrelas

Uma fenda de luz distantes no cosmo

Porém, ainda em expansão o universo se afasta

E ainda mais se  estica

E deixo de ver os primeiros astros.

Então, tudo se distancia de mim

Inclusive eu mesmo

Já que faço parte

Voltando a essência dele.



segunda-feira, 15 de outubro de 2012

O assopro (Vanessa Ferreira)



O véu enrola-se nas demais multidões

E dobra-se a vértice do tempo

Num clima tenso abafado

Desdobra-me

Envolve-me.

Os ditados em supérflua deixas

As palavras em construção 

O medo

Desespero

O agudo dos segundos

Rasgando em pedaços

E entre o visgo, o mel,

Os pássaros, o néctar dos deuses

O fel espalha

As pálpebras descansadas

Queimadas são pelo sol

E a imagem finda-se.


sábado, 6 de outubro de 2012

Contemplar-te (Vanessa Ferreira)





É explorar o azul inabitado das paredes do cosmo

A quimera relevante

O destilar do néctar

A simplicidade da rosa mosqueta  

O conforto da camurça

Numa ilha pitoresca de sonhos flutuantes

Perdida ilusão de um peregrino errante.

O sibilar dos sons

O eco das claves e colcheias

O arranque de um animal selvagem

Onde gera os trovões

As fendas e os caminhos de minhoca no universo

As hipóteses e teorias

O nada informe

O tempo espalhando suas formas.

Viagem ao subconsciente

Aos sonhos perdidos com imagens desconexas,

Ao desejo reprimido

A parte mais profunda do profundo

Calcanhar de Aquiles

Num lago provedor de essência.


quinta-feira, 27 de setembro de 2012

OS RASTROS (Vanessa Ferreira)







Através de minha face                                                                                 
Conheces minhas expressões,
A alegria,
A tristeza,
A melancolia...
Uma bela recepção é um sorriso,
Uma lágrima carrega um adeus,
Meus olhos no espelho
Brilham encharcados
E eles retratam
O que está no meu ser,
O interior é exteriorizado,
Olhos perdidos
Lembranças perdidas...
Fecho os olhos e a sufoco,
Sufoco até que sumam,
E quando somem
Tento viver
O agora,
O hoje,
O aqui...



A CURA (Vanessa Ferreira)



Bocas em bocas
Olhos fechados
Mentes vagas
Pensamentos abstratos,
Cores e formas
Imagens psicodélicas,
Surreal,
Passivo,
Eterno.
Daí vem o adeus
Tudo se resume a isso
Ao nada
Ao tudo                                                                                                                                
Ao sem forma
Ao vazio.
Um mergulho
Nos limites do firmamento,
Virando estrela
Ou ungüento
Que ameniza
As feridas
E os vestígios das dores
Dores profundas e escondidas.





sábado, 22 de setembro de 2012

Enigma (Vanessa Ferreira)



Certas coisas nunca irás entender...

O que se passa na minha mente

O que me assusta de repente

Por mais que esteja

Não está lá.

O que se esconde no fim do tempo

As partituras que rasguei

As flores que um dia te dei

Certas coisas nunca irás entender ...

Mesmo que tente por todas formas conhecer.

Se o sorriso é verdadeiro

E o que tenho em meus sonhos

Por mais que esteja

Não está lá.

O que vejo nas nuvens

O que sinto em abstrato

O que eu falo quando eu calo

Certas coisas nunca irás entender

Por mais que queira muito conhecer

O meu mundo

                      O meu mundo...




Certeza (Vanessa Ferreira)




  

Ainda beijarei seus lábios

Até o escarlate doce entorpecer-me

A distância será finda

E de fato, suas mãos estão nas minhas

Seus braços atados em meus abraços

E olhares sincronizados.

Ainda terei o belo e apetitoso sorriso

A voz que vaga de encontro a minha

que desata em embaraços

e em meio a laços

desata meus nós.






terça-feira, 18 de setembro de 2012

Reflexo diferencial (Vanessa Ferreira)




O risco torto se refez

O som informe equalizou

E o belo escondido permanece

Agora irradiado aos poucos

Suavizado ao desespero que havia tomado

a ansiedade arrasadora e dolorida

Esvai-se como os dias de uma vida.

E ao poeta vale ressaltar a beleza

A beleza que ainda não havia notado.




segunda-feira, 17 de setembro de 2012

Infinitamente (Vanessa Ferreira)




E o que pareceu-me inusitado
Tal qual resultado das fórmulas
As complexas partituras
E aos segredos do cosmo
A tua essência me foi atrativa
Como o verme do conhecimento que alimento.
Tão puríssima, delicada formosura
A mistura das substancias
A união de prótons e nêutrons
E ao mesmo a excelência da alma
Metafísica ...
Filantropia...
Na complexa física quântica
Fez-te meu o seu perfume
Me fez querer-te um pouco mais.
Não sou dado a cavalheiro
Mas por ti fui o sonho
Na metamorfose de mim mesmo.
Entretanto, de nada vale as tais palavras
Pois, não há mudanças verdadeiras
Nada deixou de ser o que era.
Porém, sua sublime aparência
E seu sorriso não se perdem,
Que dirá eu que errei pelos céus
Ao tentar tocar o azul
Deixei à lógica e quis-me teletransportar ao belo
E manchei seu sorriso.
Entretanto além das fórmulas dos números
E da equação deles
Tão longe dos mistérios de gráficos
Queria desvendar teus olhos
Pois, pensar em ti me consome mais
Que uma viagem às estrelas.








sábado, 8 de setembro de 2012

Fênix (Vanessa Ferreira)



Perdi um pedaço de mim
Mais sobreviverei como das outras vezes
O tempo da dor já passou
E é a hora de virar a página
E fazer um novo começo.
Esse é o momento perfeito
Para retirar as cinzas do meu coração
É ele continua a bater sempre
E me ensina a superar
Sei que isso é possível
E que posso conseguir.
A vida não espera
Que estejamos pronta prá ela
Ela simplesmente segue
E está na hora de migrar
Em outra direção,
E renovar-me como a águia,
Diferente delas tenho mais chance de renovos.
Dessa vez não há cartas na manga
Nem lembranças escondidas
A mudança vem de dentro
É o momento de amadurecer.







PRESENÇA (Vanessa Ferreira)



Com a luz que reflete o dia
E leva o sol até a ti  vou junto,
Eu estarei lá.
Com as músicas que tocam no rádio
Que te emociona e te faz pensar
Serei o acorde persistente
Do começo ao fim
Eu estarei lá.
Com as lembranças da história
Que persistem e moram em ti
Sou uma entre tantas delas,
Estarei lá.
Com os aromas que existem
Que entram em suas narinas
E param na memória,
Por eles serei lembrada.
E por mais que insistas em evoluir
Em esquecer ou fingir não crer
No que fui e deixei de ser para ti,
Por mais que estejas despercebido,
Vai sentir que sempre
Por mais sutil que seja
Eu estarei lá.


terça-feira, 4 de setembro de 2012

Peregrinação (Vanessa Ferreira)





O gosto amargo na boca

Queima a garganta

E afeta os nervos

O sabor do mal dizer,

Do que se diz ser raiva

Um nó na garganta

Desespero, vazio

Tristeza, agonia.

Remorso do nada

Medo do tudo

Enjoa cada célula do poeta

Marinado na profunda saudade

Das palavras saboreadas...

De nada vale seus versos

De nada vale.


Canção profunda (Vanessa Ferreira)




Dia após dia

Cada dia vai passando

Suave na sua curta duração.

E ainda encontro canções que cantaria para você,

E essas melodias agora tardia apresentam-se

Pois, a magia é finda

E o amor é finito.

Já não posso cantar para ti

Não terias a mesma emoção de outrora

As mesmas reações.

E agora soou a melodia silenciosa

Em eco interior.

sexta-feira, 31 de agosto de 2012

Prece silenciosa (Vanessa Ferreira)


Não és mas meu

Não há de pronunciar

Ou balbuciar outra vez “eu te amo”

Se foi um dia parte de mim

Hoje não és mais meu.

Em mim fica o vazio inabitado

Um toque descompassado

Absoleto.

Magistral é o começo das coisas

Ao desfecho desmoronan-se  as esperanças

Pois um dia te coloquei em preces

Um dia fui sua oração.

Então, os pedidos ao divino se repetem

Nos seus não está mais meu nome

E com o seu nome ainda preso na garganta

Refaço minha oração.







domingo, 19 de agosto de 2012

Ecos distantes (Vanessa Ferreira)




Longe da tua voz

Tudo ficou sem sentido

O nada, a calma, a paz...

Não sei definir

De fato o passado me abduziu

Então, ponha suas mãos sobre as minhas

Faça-me sentir

O que eu não mais consigo entender.

Tenha paciência num mar de tolerância

Regue-me as flores

E as lembranças

Faça-me encontrar

Aquilo que eu perdi um dia.



sexta-feira, 10 de agosto de 2012

Repetições (Vanessa Ferreira)


Um brinde!

As palavras certas

E um pouco de literatura

Aos clássicos do rock

Jazz e soul music

Juventude, revolução e MPB

Itens rejuvenescedores e apaixonantes.

Até que se entorne o champanhe

E que saia o gás da bebida

E os itens da conquista

Percam a graça.

O que traz leva a primeira impressão

Pois, os passos da valsa desanda

O que não se engana.

Mostra-se nua a beleza

Das tais estátuas gregas

E as tuas gentilezas

Enjoativa torna-se a estória enfadonha

E aos poucos nada resta

Do que me prende a ti.




Regeneração (Vanessa Ferreira)



Guarde as palavras que te restam

E as coisas boas que teve

As melodias e cada poema

Não esqueça  dessa fase

É seu tempo produtivo.

Grite e rasgue o papel

Chore e deixe-se molhar pela chuva

Inunde e revolucione com as mágoas

E a solidão,

Use os sentimentos na arte.

Então, na manhã contemplativa

Atravesse o espelho

E deixe cair seu fardo

Então, olhe-se no espelho

Depois da fase ruim

E apenas sorria

Feche a porta e siga

E escreva uma prosa nova

Dessa vez  seja a personagem principal...

         Seja você.





Palavras vans (Vanessa Ferreira)



Juras eternas?

Quem somos nós para jurar o inatingível?

O “para sempre” questionado

O fator tão romântico e irônico

É muito tempo...

Então doas a vida?

A vida imprevisível a qual não podes controlar?

E o coração inatingível que por deveras mutável

Em ecos de emoção se deixa levar.


Contornos do tempo (Vanessa Ferreira)



Cativas um terço de mim

E a busca primitiva

Hora ou outra ela há de revelar-se

Em uma medida de tempo.

Contida está a memória

E enclausurado usurpas o desejo

Até que o enlace desenrole-se

E entregue-me num beijo

As tolas esperanças infantis

E todo temor desmedido

Referentes à afetividade

As questões  da própria idade

Ideias perdidas

Num faroeste estafante

Poeira e feno.


sexta-feira, 3 de agosto de 2012

O oco (Vanessa Ferreira)



Cortada palavra ao meio

Embebida de um devaneio

Diversos floreios

Resta-me um suspiro desmedido

Meu pesar é o meu inimigo.

E como as expressões

Engulo os pontos e vírgulas

E a folha na guarita

A tinta bebo em pétalas

De nota em nota me encho

Como tudo devagar...

Degusto teus sarcasmos

As frases de Sêneca,

O Pentateuco, as expressões...

Depois não me sobram as palavras

do mesmo gosto]
                             

                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                 Mas, a fome não cessa.





Às claras (Vanessa Ferreira)


O real motivo de tua voz era entorpecer-me

Até chegar ao ridículo

De não mais ridículo ser

A dependência

A dormência

E toda sensação inusitada.

As palavras doces eram ávidos venenos

Ilusões ao vento

Com intenção de afeto

Que aos poucos traduzindo

Sua real intenção.

E posso ver com clareza

Longe da visão enamorada

Embaixo das tintas de sua face

Que deformou-se para outra aparência

És ilusão

Jamais fosses concreto

Apenas subjetivo  em sua forma inverossímil.



sexta-feira, 29 de junho de 2012

Relação (Vanessa Ferreira)


De tudo quero explicação

Mas, na verdade nem tudo se explica

E a verdade nem sempre é respondida

E o que é falso ás vezes vira notícia

E a mentira quase sempre é desculpa

Pela falta de  solução

Para encher uma questão

E  suprir a alma inquieta

Por  soluções vans

E quase sempre se afasta da verdade

Do item original

E surgem outras perguntas

E aumenta a busca por soluções

E mais e mais insatisfeito ficam

O homem e a razão

Por não conhecer a totalidade das coisas

Vive sem suprir sua ambição.





Relatórios diários (Vanessa Ferreira)


Quando estava a caminhar

Passei por um andarilho

Vi o que refletia dos seus olhos

Sua solidão era tamanha

Comparava-se a uma criança

Abandonada na selva urbana

Sem que ninguém veja o bebê

Padecer invisível

Trajado de adulto.

Aquele homem sumia

E temi o que vi

Parecia ser sua alma.

Somos tão frágeis

Dependentes um dos outros

Como a visão que tive no olhar do andarilho.