Pai (Vanessa Ferreira)

                                                                     Poema feito dia 08 de agosto de 2020

Na combe do meu pai

Ouvindo Fred Mercury

No pôr do sol que deixa meu cabelo ainda mais vermelho 

Eu respiro vida.

Ao redor família

A batida é  nostalgia de infância

Contando as vacas nas montanhas de pastos verdes

Da janela vejo o mundo.

Dançando espontânea quando a música me faz vibrar

Cantar

Contagia todo mundo nas quatro rodas.

Na volta para casa

Depois de um dia de praia

E de comer peixe de vó no almoço

O mundo está em paz

Estou feliz

Pronta para descansar

Na gratidão desse momento  pai.

Rio ( Vanessa Ferreira)

                                                                                   Poema dedicado ao Prof.º Danilo Santos

Um líder

Rio que desagua e enfrenta

Contorna as pedras

Não deixa de correr

Não deixa de se renovar.

A luz ilumina

Reflete confiança e humanidade

Sorriso sempre a porta

Pra chegar não se demora

Rega jardins

Nos motiva a crescer.

Rotas da saudade (Vanessa Ferreira)

A cada amanhecer eu sinto falta

Outro eu sinto alegria por sua presença

Você é uma luz em minha vida

Meu ar necessário.

 

Não vejo a hora do amanhã chegar para lhe ver

Lhe cheirar

E ver em seus olhinhos a felicidade que tens quando me ver.

 

Aquele momento que adentras a porta

Tudo para e entramos em um novo fluxo temporal.

 

Da panela no fogão

Das roupas cheirosas no varal

Da vassoura no canto da casa

A série de TV

O carinho no sofá

Ao momento que lhe agarro dormindo

Tudo é natural, intenso e maravilhoso.

 

Vá, porém, volte

Salve o nosso mundo doméstico

Cuide de nossos filhos

Porém volte

Pois a cada dia fica mais doída sua ida

E mais desejada sua volta.

Sessão de terapia (Vanessa Ferreira)

Eu tenho um amor na poesia

Um amor musical

Universal.

 

O mundo real

Me aperreia

Angustia

Eu vou e volto

Olho em seus olhos

Pego suas mãos

Tonteio.

 

Desejo às vezes buscar os meus vazios

Deixo-o de lado e vazo

em meus precipícios vou e volto

Eu cresço e apareço

Por dentro e por fora de mim

Me mapeio

Universo infinito/finito.

 

Tantas galáxias em mim

Algumas se chocam

Caótico e organizado

Os mundos se criam

Estrelas morrem outras nascem

Nesse caos sou a rainha

E sou um pedaço.

 

Aqui dentro conheço quase tudo

Aqui fora deito ao seu lado

E me distraio olhando outro cosmos.

 

 

"Meu ventre" Vanessa Ferreira

Corre-me por entre as veias

Rio Una!

Rio Pirangi!

Minha amada Palmares

Bebo e banho-me de tuas belezas

Tuas águas me concebem.

Pluméria (Vanessa Ferreira)

                                                                                                                      

                                                                                                                            Dedicado à Maria Zuleide

Sua cor vibrante traz alegria

O cuidado do olhar de mãe

Delicada é, formada de amor

Romântica como as canções de outrora

Elegante em seu tratar

Abraça a todas do jardim.

 

Como é bom tê-la em nosso jardim!

Nossa Jabuticabeira (Vanessa Ferreira)

 

           À Lilian

Menina arrochada

Braba que só a gota serena

Meiga, cheirando a flor.

Uma árvore consistente

Cheia de frutos do chão as galhas

Nos alimenta

E tem presença marcante

Nós te amamos!

Quando vinha o sol 

nos recostamos a sua sombra

E tanto nos acolheu

E tanto nos ensinou.

Gratidão!

Chanana (Vanessa Ferreira)

À Niza Fonseca

Ela é glamorosa na simplicidade de ser

Olhos faceiros, ligados a tudo

Até mesmo ao amor e ao que é de verdade

Ah! isso ela nota de longe...

 

Passa-me sabedoria e a graça de ser mulher forte

O coração de mãe dela abraça o mundo

E me ensina a entender a vida

Pois já passou por muitos solos

Enfrentou tempos, tempestades, jardineiros

Mas nenhum tempo ruim tirou seu brilho de viver.

 

Dela nasceu outra flor que tanto encanta

Sabe gerir tudo que vem a sua mão

E nunca deixa de dançar e se embelezar, solta com seus cachos

Medicinal é seu abraço.

 

Ela sempre encontra-me com sorriso no rosto

Como se adivinhasse minha próxima traquinagem

Somos vizinhas de jardim

E todo dia aprendo com ela.

Obrigada por nos iluminar!

 

Flashback (Vanessa Ferreira)

À minha amiga de infância Sulamita Rodrigues

Ela me viu

No dia que eu a vi

E eu dizia que queria marcar a humanidade

Virei poeta

Lancei livros e ela me disse

“Tu lembra? Tu conseguiu.”

Ela me viu apaixonar tantas vezes

Desapaixonar

Chorar

Sofrer

Eu a vi crescer.

A vi sendo mãe

Profissional

Se achar

Fazer uma tatuagem.

Do refrigerante passamos ao vinho

Ao whisky pra ela e martini para mim

Me ensinou coisas chiques

A superar muitas coisas.

A mulher mais linda

Mãe mais querida

Não sei como consegue.

Ela sabe ouvir e falar

E sempre termina com algo novo

Uma forma de ver

E gosto musical.

Eu perguntei aos 10 anos

“Você quer ser minha amiga?”

E ela disse sim

Da amiga mais estranha eu fui,

A gente cresce e sempre volta

Aos mesmos filmes

Tão diferentes

Tão iguais

Minha irmã

Saudades.

Rota (Vanessa Ferreira)

 

Meu planeta precisa de teu satélite

E tu planeta precisa de mim

Nos ligamos na nossa rotação quântica espelhada.

Minhas marés e clima mudam quando se aproxima

Fico tal qual a pantera lhe rastreando

Mas solta e leve vivo minhas rotações.

E como as estações variam em mim ao teu lado!

Tem tantas de mim

Todas apegadas a ti.

Nesse finito/infinito  de matéria desconhecida

A gente vive a valsa da existência

De longe, de perto girando indo em linha reta para o nada

Ciclos, anos luz

Na beleza do não saber te tenho

Me tenho.

Dentro de uma galáxia que se move  junto conosco

Dentro de um universo que se expande

Eu me deixo misturar-me a ti e tu a mim

E presos na linha invisível gravitacional do amor

A gente segue até um fim, começo,

Um ninguém sabe o quê.

Nesse vasto universo eu hei de olhar você girar comigo.

 

Ciclo (Vanessa Ferreira)

 

Ela está lá

Sinto a energia de seu amor daqui

A cada espaço percorrido na condução

Da janela do ônibus

No táxi

No transporte alternativo

Feito viço

Noda de manga e caju

Eu volto pra ela.

 

Mas rápido e certeiro seu olhar

Braços casa acolhem-me

Quando chego à cidade

Sinto sua presença

Perfume feminino por entre meu trilhar

Ouvir seu ”oi”

Pegar sua mão

Recomeçar nossa valsa de onde paramos.

 

A valsa (Vanessa Ferreira)

Toda vez que ele sai de casa para o trabalho

Eu começo a pensar em poesia

Todo dia ele vai ou volta

Vejo ele no contar das horas

Me virou necessário tal como meus pensamentos

Coisa que não passa

Sonho que não se finda

Continua todo dia.

 

Não tem feriado, dia de finados

A cada 24h ele vai, a cada 24h ele volta

E eu sinto a mesma emoção

Cada manhã que amanheço com ele é dia de até logo

Para no outro dia ele vim

O dia mais lindo é o que ele vem

A noite mais bela é a que passo do seu lado.

 

Desfaço a mesa do banquete no café

Eu sinto o gosto de seu beijo por entre as horas

Suas mãos tateando o sofá, cama a procurar-me

Ando pela casa

Me ocupo lendo

Estudo

Trabalho

Resolvo mudar algo do lugar

Limpo

Arrumo

E faço meus dedos cantarem em versos.

 

Mas o fim é sempre o mesmo

Eu volto a olhar aquela porta

A ansiar ouvir tua voz

Um poema termina outro começa

Dando voltas

Eu termino contigo dentro de mim outra vez.

 

Perfume no ar (Vanessa Ferreira)

 

 à uma rosa vermelha

A flor vermelha floriu

Hoje é dia de alegria!

Ela nasceu e renasceu tantas vezes

Chorou, sofreu

Passou pela tempestade

Mas o sonho não a deixou.

 

A flor vermelha floriu

Hoje é dia de alegria!

O verão chegou

É lindo de ver ela florir

Balançar no jardim

E frutos de alegria surgir.

 

A flor vermelha floriu

Hoje é dia de alegria!

De longe eu vi seu sorriso desabrochar outra vez

Eu sei que ela vai florir muitas e muitas vezes

Desejo sempre a luz de tudo que é bom a ela

Seguindo sempre a iluminar onde andar.

 

Flor de Cerejeira (Vanessa Ferreira)

 à Maria Soares

Ela nasceu de um parto de amor

E renasceu de um parto de dor

Suave e vitoriosa como fênix

Nada a prenderia longe de sua fé

A vida sua força e leveza

Coração é ela

Pulsando

Cantando

Brilhando acima dos montes

Espalhando amor para onde for

Hoje nosso jardim saúda a essa flor

Vida nova! Novo tempo! Renascimento!

Primaverou (Vanessa Ferreira)

Rosas amarelas

Carmins

Tudo floreia em mim

Quando vejo seus olhos na multidão

Aqui ilumina.

 

Estação de cor

Terra, céu e amor

Passeia

Incendeia

Encandeia

Meu cravo em corpo masculino.

 

 

Mundo adulto (Vanessa Ferreira)

Entre ondas marinhas

Tantas e tantas confusões

Pensamentos

Eu só queria um mar

Areia nas mãos para poder espairecer

Em meio as palavras, pessoas 

Início e fim.

Dançando cirandas

Sorrindo e chorando

Descendo mais um chopp.

Eu fecho os olhos 

Consigo entender

Agradecer

Deixar ir

Deixar ficar.