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...Passo e bailo no nada, no nada floresço....

sábado, 22 de janeiro de 2022

A poesia que bebo (Vanessa Ferreira)


Fui café numa manhã quando precisava acordar pra vida

Foi aí que amargo eu precisei despertar

Como fui suave também

Desci por entre sua garganta te revigorando.


Fui chá no desespero

Na insônia

Na ansiedade do fim de um dia

Em meio ao medo e tédio

Fui tua calmaria.

 

Fugisse para adolescência

Tu querias ver o belo de novo

Os olhos regrediram

Mas meu gosto maturou com o tempo

Da terra que me arrancasse

Bebesse a terra

Bebesse a calma

Bebesse-me.

 

E agora adulta me acha como a uma taça de vinho

Eu sou a mesma bebida transcendental

A poesia

Esquento-lhe

Alegro, dou prazer.

 

Tu não tem medo mais de se ver infantil

Não fica desconfortável para ser aceita

Veste-se de mar

De si

De ciência

De intuição feminina.

 

Teu desejo escorre e não limpas mais

Teus dedos produzem palavras sem censuras

Tu se aceita

Tu é mulher

Tu é energia

Luz

E eu te banho essa noite.






 

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