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...Passo e bailo no nada, no nada floresço....

sábado, 30 de maio de 2020

Vazante (Vanessa Ferreira)


Não fiz nada até agora
a não ser escrever.

A casa não me incomoda nesse instante
A tv não me é tão interessante quanto as palavras
Elas se acumulam em mim
Tenho tantas...

Estou florindo pelos dedos.

Não sabia que sentia tanta fome de poesia
Mas num dia como hoje
Estou um caso sério a escrever.

Amarílis (Vanessa Ferreira)


Hoje eu comecei a refletir sobre essa flor
A cor e beleza são as primeiras coisas que notam nas flores.

Mas se olharmos seus detalhes vemos algo maior
Tem traços de realeza é  tida como imperatriz
Nada tão distante de quem tem um Deus como pai
Mas algo profundo me fez refletir.

Ela se adapta aos climas da vida
E a vida não é  feita de uma só estação
varia muito até mesmo num dia.

Quando li que no inverno  pode até perder algumas pétalas fiquei triste
Mas me alegrei logo depois
Porque ela resiste
E logo volta a ser tão linda ou até mais do que era.

Então, vi que essa flor é  sua
É  como lhe vejo
Talvez o tempo tenha mudado diversas vezes ainda hoje
Mas está na sua essência
Sobreviver
Resistir.



Lúcida (Vanessa Ferreira)


Sinto sua falta
Como uma canção nórdica
Meu interior brada.

Vivo por milhares de anos
em meus vinte e oito.

Eu fui tua 
Fui minha.

Faz tempo que o conheço
Essa tua essência vagava
Só esperava bater em minha porta.

O devaneio 
As espadas
Alucino em vãs pensamentos.

Te conheço da eternidade talvez
Mas sou ciência 
Você é crença
Que seja
Espero mais uma manhã.




Margarida (Vanessa Ferreira)

Uma pequena Margarida
Uma grande mulher.

No Jardim ela dança
Pétalas brancas singelas
Miolo laranja
Contrasta com verde do caule.

Formosa
Querida
Da primavera ao verão
Sorrir
Resiste
Quão forte é!

Não se engane
Ela se esvazia
Dela jorra amor que nunca para de encher
Ah o perfume é único
O sorriso vibrante.

Cor de rosa (Vanessa Ferreira)



Uma rosa cor de rosa
Ecoa no vento seu perfume
Romanticamente abraça o mundo
Vê o belo em tudo
Joga amor em volta.

Dá colo aos que pede
Ela é  mãe, mulher, avô
Coração imenso
É  a cura de dias maus
A fé além do vento
do tempo.

Tão sensível rosa
Forte como a esperança
Bela como o amanhã.

Girassol (Vanessa Ferreira)

Descubra como cultivar girassol, uma das flores mais lindas do mundo
Um girassol
Resiste a tudo
Se dobra
Volta a ser o que é.

Como um copo de leite falando com um girassol
Vou lhe dizer o que vejo.

Em dias frios suas pétalas são firmes
Elas lutam
Poucas caem
Você resiste.

Quando chove no Jardim
Encho de água e me viro para escorrer
Você se deixa regar depois se inclina para lavar tudo por dentro
Mas nem parece
Pois sempre está aberta para quem está do lado.

Quando está nublado
Você não desiste
Olha para frente
Sabe da existência do sol
Ele está atrás da nuvem mais densa.

As vezes pode barruar em outra rosa quando se movimentar
Mas pede desculpas e a ilumina no verão com seu reflexo.

Tem momentos que eu não quero abrir
Aí eu lembro de você
Que nunca fecha.

Sempre recebe o que a vida te dá
Chuva
Sol
Vento.

Quando chega o sol
Tudo se ilumina em você
Todos a veem no jardim
As rosas recebem calor e sol
Nos passa coragem.

Mas achei que como vizinha
Eu devesse lhe mostrar que sua grandeza e sabedoria não se esconde só no verão.


Então não espere o sol para ser feliz.



Dilemas de uma rosa vermelha (Vanessa Ferreira)



A cada fase da vida você muda
Suas cores esfriam, esquentam
Você pulsa alternando a intensidade.

A cada fase da vida
Você não deixa de ser quem é
Mas conhece as várias facetas que tem
A mulher, a mãe, a filha
A que fere
A que cuida.

Da acadêmica a doméstica
Você nunca deixa de amar
O amor é  a sua cor.


Camélia (Vanessa Ferreira)


É  espantoso como a natureza nos ensina
Sua rosa tem muito haver com você.

Linda
Variam no tamanho mas não perdem a beleza
Elas são lutadoras.

As flores as vezes subestimadas por sua beleza
Escondem força
E como marcam o mundo com seu perfume.

No texto diz que elas não se adaptam muito bem ao calor
Vou lhe dizer
Esse texto está incoerente se depender da Camélia que conheço
Pois ela sabe lhe dar com as tempestades
E nunca perde a pose.

Nos ensina a nunca subestimar uma flor
A jamais criar um padrão fechado para ela
Ela vai se superar quantas vezes precisar.

E na doçura de seus loucos detalhes
Invisíveis a olhos desavisados
Ela vai florir.

Irmãos (Vanessa Ferreira)

Ninho cheio
Coração quentinho.

Ter em minhas mãos meus bebês
Eles cresceram
Cachinhos tão familiares continuam
Sorrisos que Tetessa ama.

Eles voam
Mas um dia assim como ontem como hoje eles pousam aqui
Ao meu lado
Eu olho os olhinhos deles
Estão maiores que eu
São meus irmãos
Meu sangue
Minha gangue
Um pedaço do meu coração.

Enquanto viver eles terão meu par de asas para em dias como hoje se aninhar.

Papoula vermelha (Vanessa Ferreira)


Uma vez andando vi uma papoula vermelha
Estava entre muros
Enfeitava
Resistia
Vivia.

Haviam tantas no meu bairro
Nas minhas lembranças
Me era comum até olha-lá.

O belo está nas coisas simples
Até o magnífico pode passar despercebido aos olhos.

Suas raízes profundas
Galhos fortes
A permitiam ser leve
Balançar sem medo.

Era lindo vê-la vibrante
Emoção de sua luta
Enfeitando o concreto do muro
Embelezando a vida de quem passava
Não deixando de também ser flor.


Seu trajeto em mim (Vanessa Ferreira)


O amor no princípio era voz
Que ouvia
Acalentava.

Desenhava caminhos das questões filosóficas
Andava comigo nas ruas do inconsciente.

Depois ganhou carne e ossos
Virou homem.

O amor virou gente e me chama pelo nome
Acorda do meu lado esquerdo
e me faz o café da manhã.

quinta-feira, 14 de maio de 2020

Ascensiando (Vanessa Ferreira)

Quero chupar cana caiana
Ver o maracatu mesmo remotamente
Bumba Meu Boi nas calçadas da lembrança
Lembrar dos sonhos meus com presépios e pastoris.

A “Flor Fenecida” de Ascenso ler
O “Lusco Fusco” ilumina as ruas
Danado em Palmares vou ficar.

Cinema Apolo que saudade!
Mas depois irei te ver.

Mestre Carlos de quarentena
Faz videoconferência com jurema
Sucessão de São Pedro foi assunto em pauta.

A filosofia passa entre os corredores da casa
Atrás das máscaras misticismo
Tenho medo da lua grande que Ascenso comeu.

Noturno penso no trem de Alagoas
Transporto-me a Praça Paulo Paranhos
Danado em Palmares vou ficar.
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Copyright © Vanessa Ferreira 2020