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...Passo e bailo no nada, no nada floresço....

sexta-feira, 31 de agosto de 2012

Prece silenciosa (Vanessa Ferreira)


Não és mas meu

Não há de pronunciar

Ou balbuciar outra vez “eu te amo”

Se foi um dia parte de mim

Hoje não és mais meu.

Em mim fica o vazio inabitado

Um toque descompassado

Absoleto.

Magistral é o começo das coisas

Ao desfecho desmoronan-se  as esperanças

Pois um dia te coloquei em preces

Um dia fui sua oração.

Então, os pedidos ao divino se repetem

Nos seus não está mais meu nome

E com o seu nome ainda preso na garganta

Refaço minha oração.







domingo, 19 de agosto de 2012

Ecos distantes (Vanessa Ferreira)




Longe da tua voz

Tudo ficou sem sentido

O nada, a calma, a paz...

Não sei definir

De fato o passado me abduziu

Então, ponha suas mãos sobre as minhas

Faça-me sentir

O que eu não mais consigo entender.

Tenha paciência num mar de tolerância

Regue-me as flores

E as lembranças

Faça-me encontrar

Aquilo que eu perdi um dia.



sexta-feira, 10 de agosto de 2012

Repetições (Vanessa Ferreira)


Um brinde!

As palavras certas

E um pouco de literatura

Aos clássicos do rock

Jazz e soul music

Juventude, revolução e MPB

Itens rejuvenescedores e apaixonantes.

Até que se entorne o champanhe

E que saia o gás da bebida

E os itens da conquista

Percam a graça.

O que traz leva a primeira impressão

Pois, os passos da valsa desanda

O que não se engana.

Mostra-se nua a beleza

Das tais estátuas gregas

E as tuas gentilezas

Enjoativa torna-se a estória enfadonha

E aos poucos nada resta

Do que me prende a ti.




Regeneração (Vanessa Ferreira)



Guarde as palavras que te restam

E as coisas boas que teve

As melodias e cada poema

Não esqueça  dessa fase

É seu tempo produtivo.

Grite e rasgue o papel

Chore e deixe-se molhar pela chuva

Inunde e revolucione com as mágoas

E a solidão,

Use os sentimentos na arte.

Então, na manhã contemplativa

Atravesse o espelho

E deixe cair seu fardo

Então, olhe-se no espelho

Depois da fase ruim

E apenas sorria

Feche a porta e siga

E escreva uma prosa nova

Dessa vez  seja a personagem principal...

         Seja você.





Palavras vans (Vanessa Ferreira)



Juras eternas?

Quem somos nós para jurar o inatingível?

O “para sempre” questionado

O fator tão romântico e irônico

É muito tempo...

Então doas a vida?

A vida imprevisível a qual não podes controlar?

E o coração inatingível que por deveras mutável

Em ecos de emoção se deixa levar.


Contornos do tempo (Vanessa Ferreira)



Cativas um terço de mim

E a busca primitiva

Hora ou outra ela há de revelar-se

Em uma medida de tempo.

Contida está a memória

E enclausurado usurpas o desejo

Até que o enlace desenrole-se

E entregue-me num beijo

As tolas esperanças infantis

E todo temor desmedido

Referentes à afetividade

As questões  da própria idade

Ideias perdidas

Num faroeste estafante

Poeira e feno.


sexta-feira, 3 de agosto de 2012

O oco (Vanessa Ferreira)



Cortada palavra ao meio

Embebida de um devaneio

Diversos floreios

Resta-me um suspiro desmedido

Meu pesar é o meu inimigo.

E como as expressões

Engulo os pontos e vírgulas

E a folha na guarita

A tinta bebo em pétalas

De nota em nota me encho

Como tudo devagar...

Degusto teus sarcasmos

As frases de Sêneca,

O Pentateuco, as expressões...

Depois não me sobram as palavras

do mesmo gosto]
                             

                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                 Mas, a fome não cessa.





Às claras (Vanessa Ferreira)


O real motivo de tua voz era entorpecer-me

Até chegar ao ridículo

De não mais ridículo ser

A dependência

A dormência

E toda sensação inusitada.

As palavras doces eram ávidos venenos

Ilusões ao vento

Com intenção de afeto

Que aos poucos traduzindo

Sua real intenção.

E posso ver com clareza

Longe da visão enamorada

Embaixo das tintas de sua face

Que deformou-se para outra aparência

És ilusão

Jamais fosses concreto

Apenas subjetivo  em sua forma inverossímil.