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...Passo e bailo no nada, no nada floresço....

segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Aromas (Vanessa Ferreira)


Não tenho cheiro próprio.
As flores têm seu perfume,
Um frango guisado...
Imperceptível está meu olfato,
Das dores de um leproso
Ao silêncio de um apaixonado.
O cheiro que se sente
Em mim impregnado
É um cheiro emprestado,
De sândalo
Outras vezes de flor
Aromas passageiros
De botões vermelhos
Dos arbustos,
Suave sabor.
Das matas molhadas
Suadas folhas cheias de orvalho
A qual tem seu odor,
O que me resta é
Tomar delas para mim
O resplendor.
Mas, com o tempo se esvaem
Como se nunca existissem
Arquivo na memória
E meu corpo volta ao original
Sem ter a fragrância surreal.
Como não posso exalar minha essência
A sensíveis narinas?
Falhas narinas
Omitem-se ao cheiro da existência,
Ao incenso da alma.




sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

Indagações (Vanessa Ferreira)


Você ama com tanta intensidade
Que nem parece que é verdade
Me diz poeta: O que é real?
Já me perguntei como é que pode ser...
Tantas palavras?
Tanto saber?
E a combustão de coisas que chega a dar nó.
Me diz poeta: O que é real?
O que nos diferencia?
O que nos faz ser igual?
O que é bem?
O que é mal?
Me diz poeta: O que é real?



Minha Obra (Vanessa Ferreira)


Te fiz no grito de uma nota
Numa canção de rock
No êxtase do pop.
Te tive em dores de parto
quando fazia minha poesia nascer.
Te fiz no conversar das sílabas
Num instante lá em casa.
Te fiz nas estações de rádio
Criei tua imagem
e a estampei em cima de tudo  e de todos
até em mim.
Comi cada palavra
Bebi tudo que me destes
Por fim te formei no meu amargo fel
e o bebo em memória tua.