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...Passo e bailo no nada, no nada floresço....

terça-feira, 31 de janeiro de 2012

As muitas faces da valsa do passado



Lembranças se amontoam em minha porta
Vivo de cada uma delas
Com o tempo se misturam...
Então crio outras na tentativa de restituí-las.
Cada uma tem espaço e um pedaço de mim
Cada aroma e sensações tentam mantê-las vívidas...
...ainda reais.
As pessoas mudam,
mas as lembranças nunca envelhecem.
Por enquanto meu "eu" poeta se satisfaz delas
Sou feliz por tê-las
Honrado por cada uma.
Delas e nelas me alimento.
Tornam-se obras primas
Nelas eu faço o real à vida,
Meu ser soa suave, intenso
Informe, frio, quente
Alterando-se a cada visão de uma lembrança.

sábado, 7 de janeiro de 2012

Mais um poema para noite (Vanessa Ferreira)

 
Contemplas a face da adormecida noite?
Vedes como é pálida em seu rubor
E é surpreendente e inusitada,
Como os astros que a rodeia e a enfeita!
Ela está jogada sobre a relva do campo
Em seu corpo esguio e saudável
Coberto por translúcidos véus
 Comparado com as nuvens
Que não ocultam sua nudez
E flores em seus cabelos e quadris.
Em seu peito palpitante
Habitava o mal de amor,
Havia sido seduzida por um poeta
Pousara para ele e o esperava desde quando surgiu.
Estava triste,
Seu ser agonizava em silêncio
Ele não mais aparecia para lançar sob ela seus versos;
Então, ainda não corrompida
Lançava-se à flora.
Doce e triste sonho tivera na escuridão,
Brava e corajosa noite!
Bela e ingênua!
Queria entregar-se aos raios do sol de um poema!
Tola noite mal conhecia a lascívia,
Mais e mais imaginava o gozo dos braços do poeta.
Então, ele havia prometido a fazer eterna
 em seu mumdo ensolarado,
A fazê-la no papel mais além do seu breu,
Trouxe-lhe metáforas e sensações não antes provadas,
Há sensações!
 Embriagou-a em cada soneto dizendo:
“Tu embelezas e une os amantes!
Deixa-me ser o seu noite esplêndida!”
Ela estava entregue ao poeta
Então, se ele viesse a ver,
Ela encheria de estrelas o céu
E mostraria a sua lua tão bela,
Ele a teria dos seios aos pés,
Apalpá-la-ia do crepúsculo ao seu final
Dos lábios ao seu ventre cósmico
E gozariam imensamente gozo
Até que cedesse ao amanhecer,
Então de dia a noite se esconderia
na casa do poeta que a conquistou,
O poeta teria sua obra prima e consagração.
Mas até agora ele não apareceu,
O fruto doce azedou,
E a noite triste se faz-se um breu,
E tempestuosa chora banhando a mim
O contemplador de tudo
Lavando-me com sua chuva.