Até parece que estamos construindo um soneto
Quem sabe um romance
É que todo dia
A cada diálogo
No divã, no leito, na estrada
Se abrem as ideias
O mundo da ilusão ou deleite.
Até parece que estamos construindo um soneto
Quem sabe um romance
Pois não há distância
Seja em palavras, áudio
Seja um pensamento
Talvez esse vento que me abraça
Seja um sussurro seu
Pode não ser, mas imagino.
Até parece que estamos construindo um soneto
Quem sabe um romance
O dia a dia é uma obra prima com suas imperfeições
O mercado, a farmácia, o casal de idosos na vizinhança
As roupas cheirosas no varal
O assado na cozinha
Seu perfume no ar
E eu na janela do ônibus que te faz refletir
Já, já ele chega.
Até parece que estamos construindo um soneto
Quem sabe um romance
Em silêncio quando fecho os olhos
Ele no tumulto de Recife e eu no interior
Nas estradas
Na minha mesa
No trabalho de ambos
Na nossa sala
A gente escreve todo dia.
Até parece que estamos construindo um soneto
Quem sabe um romance
Sem canetas
Sem teclas
Beijo a beijo
Riso a riso
A cada “Bom dia” e nos “Até logo”
Sem falar nos “Eu te amo”.