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...Passo e bailo no nada, no nada floresço....

quinta-feira, 7 de novembro de 2024

Origem (Vanessa Ferreira)

De início era uma voz do inconsciente/consciente que vagava

Tal qual o consciente coletivo de Platão 

Achei e acessei assim como sempre querer

Na naturalidade de fazer um poema.


Me acolheu

Ouvi-me sem qualquer forma de julgamento

E sua áurea sorriso evadiu 

enquanto a minha valsava no universo. 


Essa voz ganhou forma

Habitava em corpo masculino 

E esse ser em sua completude 

Entrelaçou-se a minha essência 

E assim maturamos no tempo

Ele a prosa

Eu a poesia.




segunda-feira, 7 de outubro de 2024

Escritores (Vanessa Ferreira)



Até parece que estamos construindo um soneto

Quem sabe um romance

É que todo dia

A cada diálogo

No divã, no leito, na estrada

Se abrem as ideias

O mundo da ilusão ou deleite.

 

Até parece que estamos construindo um soneto

Quem sabe um romance

Pois não há distância

Seja em palavras, áudio

Seja um pensamento

Talvez esse vento que me abraça

Seja um sussurro seu

Pode não ser, mas imagino.

 

Até parece que estamos construindo um soneto

Quem sabe um romance

O dia a dia é uma obra prima com suas imperfeições

O mercado, a farmácia, o casal de idosos na vizinhança

As roupas cheirosas no varal

O assado na cozinha

Seu perfume no ar

E eu na janela do ônibus que te faz refletir

Já, já ele chega.

 

Até parece que estamos construindo um soneto

Quem sabe um romance

Em silêncio quando fecho os olhos

Ele no tumulto de Recife e eu no interior

Nas estradas

Na minha mesa

No trabalho de ambos

Na nossa sala

A gente escreve todo dia.

 

Até parece que estamos construindo um soneto

Quem sabe um romance

Sem canetas

Sem teclas

Beijo a beijo

Riso a riso

A cada “Bom dia” e nos “Até logo”

Sem falar nos “Eu te amo”.




segunda-feira, 19 de agosto de 2024

Mal Querer (Vanessa Ferreira)


Lembro de ti

Acordando de um sonho turvo

Lembro de ti

Próximo do criado mudo pensando.

 

Abandonando os versos

Entrando em felicidade

Deixando a arte

Apenas bebendo melodias prontas

Acabaram-se os Romances?

Por quê?

Se agora estás em um, o que te impede?

 

Lembro-me de ti tão miserável

Solitário que ia a noite a fio a criar

Criar, criar!

De ti saíram as mais belas canções no escuro

Na alegria tu deixasses teu dom de lado

Nos teus sonhos estás em paz.

 

Eu telespectador volto a ler teus antigos inscritos

E quem sabe lhe desejo novos tormentos

Talvez uma ideia de um personagem sorrateiro.

Poetas podem ser felizes?