Quero um bocado
de espaço embaixo da árvore
Escrever um
pouco mais, antes de cair o sereno,
E refletir,
Refletir sobre
tudo o que há em minha volta,
Respirar o ar.
Vou fingir que
não há cidade,
que
não há agrotóxicos no meu tomate,
Que cada
partícula de ar não tenha substancias ofensivas.
Vou esquecer as
gorduras saturadas que consumo em meu leite,
A carne cheia de
vacinas e hormônios,
Vou sorrir para
o cloridrato de alumínio
Em meu
desodorante aerossol
E usar minha
maquiagem envelhecedora,
Vou ignorar as
placas das lojas:
“Sorria, você
está sendo filmado!”
E devo ignorar
esse mês a permanente cancerígena
Que está em promoção.
Vou fingir que
não há cidade
Que nada
acontece,
Que só estão eu
e meus pensamentos no mundo.